Mensagem pelo
Jubileu de Ouro Sacerdotal do Pe. João Croimans
07 de Julho de 2013
Caríssimo
irmão no sacerdócio,
Pe. João Croimans
“...alegrai-vos
porque vossos nomes estão escritos no céu”, (Lc 10,20).
Ao cumprimentá-lo pela celebração de suas Bodas de
Ouro de Sacerdócio, tenho em mente o texto do evangelho de Lucas, em que os
setenta e dois discípulos são enviados por Jesus dois a dois, a todas as
cidades e lugares, para onde ele mesmo devia ir.
Uma vez cumprida a missão, os discípulos se apresentam
ao Mestre e cheios de alegria relatam o sucesso que tinham obtido a ponto de os
demônios se submeterem a eles: “Senhor,
até os demônios se submetem a nós, em virtude do vosso Nome”, (10,17).
O Mestre
participa da alegria de seus discípulos pelo sucesso da missão que lhes
confiara e lhes fala de uma outra alegria infinitamente superior: “alegrai-vos
porque vossos nomes estão escritos no céu” (10,20).
Caríssimo Pe. João, esta alegria dos setenta e dois
discípulos é também a alegria que hoje experimenta o senhor, depois de cinqüenta
anos, desde o dia em que na Bélgica, sua querida pátria, o mesmo Jesus o
escolheu e o fez seu sacerdote, confiando-lhe a sublime missão de ser na Igreja
e no mundo a presença atuante de Cristo, sumo e eterno sacerdote.
Por disposição divina, o horizonte dessa missão se
alarga, e o conduz por mares e caminhos nunca antes navegados ou caminhados,
até a cidade que herdou do Apóstolo Paulo, o nome e o exuberante ardor
missionário, a metrópole cosmopolita de São Paulo, no coração do Brasil.
Aqui, poucos anos depois de sua ordenação sacerdotal,
com todo vigor de jovem sonhador, acalentando projetos desafiadores para seu
insipiente ministério de padre e de missionário, em uma realidade nova e tão
diferente da vivida até então, mas fortalecido pela força do evangelho, o
senhor mergulhou de corpo e alma na missão de evangelizar: “Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a todas as criaturas. Aquele
que crer e for batizado será salvo” (Mc16, 15s).
A preocupante falta de sacerdotes para atender principalmente
a população da periferia desta cidade, cuja população que crescia
significadamente, despertou em seu coração o espírito missionário que o levou a
aceitar o divino chamado e é
paternalmente acolhido pelo então Arcebispo de São Paulo, Card. Agnelo Rossi.
Hoje, depois de
cinqüenta anos de padre, dos quais quarenta e sete dedicados com fidelidade e
perseverança à ação evangelizadora da Igreja, entre nós, especificamente na
Paróquia de Santo Antônio, de Vila Ré, o senhor se apresenta ao Divino Mestre,
com a consciência tranqüila de ter cumprido a missão.
Ninguém melhor do que Ele, o primeiro e o mais importante
evangelizador, para avaliar e partilhar consigo a felicidade pela riqueza das
maravilhas que nesses longos e frutuosos realizadas senhor e através do senhor
realizadas no rebanho, desta sofrida periferia leste de São
Paulo.
Grande parte desses cinqüenta anos de sacerdócio, o
senhor os viveu na Igreja do Brasil, primeiro na Arquidiocese de São Paulo e
depois na Diocese de São Miguel Paulista.
O Brasil tornou-se sua segunda pátria, é simplesmente sua pátria, como o
é a Belgica e nos orgulhamos com isto.
Pessoalmente quero de coração e com afeto fraterno
agradecer-lhe a preciosa colaboração que tive de sua parte nos dezenove anos em
que estive à frente da Diocese de São Miguel Paulista como seu primeiro Bispo
Diocesano.
Como servo bom e fiel, a melhor parte desta sua
alegria é o tesouro da missão cumprida, que jamais lhe será tirada: “juntai para vós tesouros no céu, onde nem
a traça e a ferrugem destroem nem os ladrões assaltam e roubam” (Mt 6, 19).
Termino com o ensinamento de Jesus no texto de Mateus em
que dialoga com o jovem rico, que não teve a coragem de se desfazer de sua
riqueza para segui-Lo. (Mt 19, 16-30).
Diante da recusa ao convite de Jesus: “Vai, vende tudo o que possuis e dá aos
pobres e terás um tesouro no céu. Vem depois e segue-me”, (Mt 19, 21), motivado
por possuir muitos bens, o encontro do jovem
rico, com o Mestre, tem um final melancólico com o triste afastamento do jovem
e a dolorosa conclusão: “E Jesus disse a
seus discípulos: Em verdade vos digo que dificilmente um rico entrará no Reino
do céu”, (Mt 19, 23).
Diante desta atitude negativa do jovem rico, temos o
questionamento de Pedro sobre a recompensa que terão aqueles que renunciarem a
tudo para segui-Lo, de acordo com Seu convite: “Eis que nós abandonamos tudo e vos seguimos. Que haverá então para nós
?” (Mt 19, 27).
O questionamento de Pedro tem como resposta de Jesus: “E todo aquele que abandonar casas, ou
irmãos, ou irmãs, ou pai, ou mãe, ou esposa, ou filhos, terras, por causa de
meu nome, receberá o cêntuplo e possuirá a vida eterna”, (Mt 19, 29).
Querido
Pe. João, como é edificante conhecer suas renúncias feitas com alegria, em
vista de sua missão de sacerdote e missionário e por isso nos alegramos ao
vê-lo incluído entre os que receberão o cêntuplo e a vida eterna.
Obrigado por nos enriquecer com seu edificante testemunho
de vida. Parabéns pela fidelidade e perseverança de seu Jubileu de Ouro
Sacerdotal
Com Maria, a Mãe especialíssima dos sacerdotes, que
lhe é hoje e sempre, Mãe, Auxiliadora e Mestra, nossos votos de muitos anos
felizes de benéfico ministério.
Fraternalmente em Cristo,
Dom Fernando Legal, SDB
Bispo Emérito de São Miguel Paulista,