quinta-feira, 29 de abril de 2010

São José Operário

Festa litúrgica de São José Operário - 1o. de maio de 2010

Ao celebrar o mistério de Cristo, o Ano Litúrgico necessariamente envolve personagens que fizeram parte do mesmodo. Entre elas emerge a figura de São José, esposo de Maria, a Mãe de Jesus e chefe da Sagrada Família.

Este fato coloca São José entre os santos mais significativos do santoral católico, muito presente na devoção popular e faz com que ele seja celebrado especificamente no Calendário Litúrgico com dois dias, 19 de março e 1o. de maio.

No dia 1o. de maio, Dia Mundial do Trabalho, São José, sendo carpinteiro é lembrado pela Igreja como Operário e como tal é dado aos trabalhadores como seu Patrono.

O trabalho é uma dimensão caraterística da pessoa de São José, compondo-se harmoniosamente com as demais virtudes e prerrogativas que enriquecem sua singular pessoa de servo fiel e prudente, chanado de varão justo.

Ao celebrar São José Operario, a pessoa do trabalhador é com justiça devidamente valorizada e com ela o é também o trabalho humano, visto como um valor inerente à dignidade humana, enquanto fator de realização pessoal, enquanto gerador de riqueza a favor do bem comum e enquanto meio de subsistência do proprio indivíduo e de seus dependentes.

Na Liturgia das Horas, da festa de São José Operário, no hino de Laudes, sua humilde profissão de carpinteiro é poeticamente exaltada em meio à sua vida e missão:


"Anuncia a aurora o dia, chama todos ao trabalho; como outrora em Nazaré, já se escutam serra e malho".


Nesta estrofe introdutoria somos levados a Nazaré, onde em uma humilde oficina, o carpinteiro José, ao raiar de um novo dia, movimenta serra e malho, para ganhar o pão de cada dia para Jesus e Maria.

E o hino continua:

"Salve, ó chefe de Familia! Que mistério tão profundo ver que ensinas teu oficio a quem fez e salva o mundo"

Aqui São José, apresentado e reconhecido, como chefe da humilde Familia de Nazaré, é logo colocado no profundo mistério de ser mestre de quem o mundo criou e salvou e assim é efusivamente saudado.

Aqui esta o poque da postura dos conterrâneos de Jesus, admirados do que viam nEle, sem entender, sua inteligência, seu ensinamento e seus milagres: "De onde lhe vem essa sabedoria e esses milagres? Não é Ele o filho do carpiteiro...?" (Mt 13,54s).

Como conseqüência dessa atitude, temos a amarga conclusão do mesmo Jesus: "Nenhum profeta é bem aceito em sua casa". E ai não reslizou nenhum milagre.

A discriminação de pessoas, de qualquer de tipo que seja, contradiz frontalmente o evangelho Deus não faz discriminação de pessoas.

Com este texto colocado na missa de São José Operario, a Igreja acolhe mensagem de Jesus e mais uma vez se posiciona contra a discriminação, que é alimentada pela intolerância pelo radicalismo e pelo fundamentalismo..

"Habitando agora alto com a Esposa e o Salvador vem e assiste aqui na terra todo pobre e o sofredor"

Nesta estrofe, se afirma o poder de intercessão de São José, exercido em comunhão com Maria e o seu Divino Filho, o Verbo feito Homem. Temos os membros da Familia de Nazaré, no céu intercedendo por um lar feliz já aqui na terra, onde é respeitada a dignidade humana, vivenciada pela qualidade de vida.

"Ganhe o pobre um bom salário e feliz seja em seu lar gozem todos de saúde e saúde com modéstia e bem-estar".

E o hino das Laudes conclui colocando a intercessão de São José junto à Trindade, no sentido de que como nosso guia, encaminhe nossos passos para o céu.

"São José, roga por nós à Trindade que é um só Deus; encaminha os nossos passos guia a todos para os céus".

Para o bom irmão, a boa irmã pensar.

1. Qual a intenção da Igreja ao instituir a festa de São José Operário?

2. Qual seu pensamento e atitude em relação à discriminação socio-politica-econômica-religiosa?

3. Qual seu interesse pela doutrina social da Igreja?

4. Faz parte da missão da Igreja cuidar concretamente das questões sociais que afetam os direitos e a dignidade da pessoa humana?


Dom Fernando Legal, SDB
Bispo Emérito de São Miguel Paulista

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Oração pelas vocações

47o. DIA DE MUNDIAL DE ORAÇÃO PELAS VOCAÇÕES.

Dia 25 passado, 4o. Domingo da Páscoa, chamado domingo do Bom Pastor, celebramos em nossas Dioceses, Paróquias e Comunidades, o 47o. Dia Mundial de Oração pelas Vocações.

O nome de Bom Pastor dado a esse domingo, se justifica pelo texto do evangelho poclamado na missa desse dia, (João 10, 27-30).

Por identificar-se o sacerdote com o perfil do Bom Pastor, é providencial fazer deste 4o. Domingo da Páscoa o Dia Mundial de Oração pelas Vocações.

Já no versículo 11 e seguintes desse capítulo, Jesus se define como Bom Pastor, apresentando o perfil desta figura tão querida ao seu Divino Coração, em radical contraste com a figura do mercenário:

"O Bom Pastor da a vida por suas ovelhas. Mas o mercenário, aquele que não é pastor, a quem não pertencem as ovelhas, vê o lobo que se aproxima e abandona as ovelhas e foge. O lobo arrebata e dispersa as ovelhas. É mercenário e não se preocupa com as ovelhas. Eu sou o Bom Pastor. Conheço minhas ovelhas e minhas ovelhas me conhecem, assimcomo o Pai me conhece e eu conheço o Pai. E dou minha vida por minhas ovelhas" (Jo 10, 11-15).

Ao encontrar-se nesse domingo, na Praça de São Pedro, em Roma, com milhares de peregrinos vindos do mundo inteiro, Bento XVI convidou aos pais a rezarem para que seus filhos se abram à escuta de Jesus, lembrando que: "a primeira forma de testemunho que suscita vocações é a oração"

"Pedi ao Senhor da messe que envie operários para a sua messe" (Mt 9, 38). com estas palavras, Jesus expressava muito mais que um simples conselho ou admoestação.

A humilde insistência de Santa Mônica em suplicar a Deus a graça da conversão de seu filho Agostinho, é vista pelo Papa, como significativo exemplo da eficácia da oração dos pais em favor de seus filhos.

Entretanto, com a necessária oração dos cristãos pelas vocações sacerdotais e religiosas é imprescindivel o testemunho de vida santa, fiel e perseverante, daqueles que respondendo ao chamado divino, assumem o sacerdócio ou a vida consagrada: "não fostes vós que me escolhestes, mas fui eu que vos escolhi e vos institui para que vades e produzais fruto e vosso fruto permaneça..." (Jo 15, 16).


Então, ninguem pode se arrogar essa dignidade, mas deve ser chamado por Deus, como o foi o mesmo Cristo: "assim também Cristo não atribui a si proprio a glória de tornar-se pontifice; mas foi elevado por aquele que lhe disse..."Tu es sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedec": (Hb 5, 4-6).


A fidelidade perseverante do sacerdote é portanto um direito sagrado dos membros da Igreja, na qual, pela qual e para a qual ele livre, sabendo e querendo se tornou ministro do Senhor a serviço de seu povo e o seu rebanho, que é a mesma Igreja ou se consagrou no seguimento do Cristo pobre, casto e obediente.


Concluindo: todos nós pastores e fieis temos sumo interesse em que nossos queridos irmãos sacerdotes sejam santos, zelosos pastores, autênticos ministros do Senhor.

Então cabe a nós o grave dever da oração, da penitência e das boas obras pela santificação do Clero.

Para sua reflexão:

1. O padre para você tem o perfil constitutivo instituido pelo mesmo Cristo?

2. O que você faz em termos de oração, penitência e boas obras para a santificação do Clero?

3. Como você atua na pastoral vocacional de sua Diocese, Paróquia, Comunidade?

4. Qual sua colaboração de discipulo(a) e missionario(a) com o padre que está à frente de sua Paróquia ou Comunidade?


Dom Fernando Legal, SDB

Bispo Emerito de São Miguel Paulista.

sábado, 24 de abril de 2010

Reflexão do Evangelho do 4o. Domingo Pascal

Evangelho: Jo 10,27-30

"As minhas ovelhas ouvem a minha voz, eu as conheço e elas me seguem. Eu lhes dou a vida eterna; elas jamais hão de perecer, e ninguém as roubará de minha mão. Meu Pai, que mas deu, é maior do que todos; e ninquém as pode arrebatar da mão de meu Pai. Eu e o Pai somos um."



Comentário

Neste periodo do Tempo Pascal, quarenta dias, aguardamos como os Apóstolos, a Ascensão do Senhor Ressuscitado.
Sua presença se manifesta através de aparições esporádicas especiais, a determinadas pessoas e em determinados lugares e momentos.

O Ressuscitado, nessas aparições, assume com palavras e gestos, atitudes com o sabor de estar concluindo sua missão salvifica , antes de voltar para junto do Pai.

No texto do Evangelho, acima citado, Jesus se apresenta nas vestes do Bom Pastor, imagem tão cara ao seu divino Coração, como se encontra em João 10,11.

As ovelhas lhe foram entregues pelo Pai, para terem vida, e foram por Ele recebidas e amada até a morte e morte de cruz.

Esse amor do Bom Pastor, tem sua mais profunda expressão na doação da vida, como aconteceu com o Cordeiro Pascal (1 Jo 3,16).

O relacioamento de Bom Pastor com suas ovelhas acontece num processo de mútuo conhecimento:

Conhecer, para Amar - Amar para Servir.

Só Ama quem conhece. O conhecimento da ovelha em relação ao Bom Pastor é portanto a primeira exigência do Amor.

O conhecimento aqui exigido não é acadêmico, nem teórico, nem abstrato, mas existencial, ou seja, inserido na minha vida, no que sou, no que tenho e no que faço, como uma experiência de Deus.

O texto em pauta, mostra a ligação existente entre Conhecer - Amar -Seguir, concluindo com o Dom da Vida Eterna e a Promessa de que jamais hão de perecer e de que ninguém as roubará de minha mãos (Jo 10,28).

Conclusão

1. Você conhece seu Bom Pastor, Jesus Cristo?
2. O Jesus que você conhece é o Filho de Deus feito Homem, nascido da Virgem Maria e nosso Salvador, Cabeça de seu Corpo, que é a Igreja?

3. -Seu amor à Jesus é fruto desse seu conhecimento e se concretiza em fazer a vontade dEle, cumprindo os mandamentos (Jo 15,9s)?

Meus irmãos minhas imãs, que esta modesta reflexão os ajude a crescer no amor a Deus e aos irmãos, os ajude a aproximarem-se mais de Deus e dos irmãos.

Dom Fernando Legal, SDB
Bispo Emérto de São Miguel Pauista.

sábado, 17 de abril de 2010

Discurso de Dom Fernando Legal, SDB, na posse de Dom Manuel Parrado Carral 06/03/2008

Exma. Revma. Dom Manuel Parrado Carral,

A Igreja de Jesus Cristo, presente na Diocese de São Miguel Paulista, inicia, com a sua posse, uma nova etapa de sua história. Há 19 anos, nesta mesma catedral, matriz de São Miguel Arcanjo, nascia, com o desmembramento da Arquidiocese de São Paulo, uma nova diocese, criada por sua santidade, o servo de Deus, João Paulo II, pela Bula Constat Metropolitanam Eclesiam, no dia 15 de março de 1989, instaurada a seguir, no dia 28 de maio por Dom Paulo Evaristo Arns, cardeal arcebispo de São Paulo.

Esse contexto nos mostra o nascimento da Diocese com seu primeiro bispo diocesano transferido da Diocese de Limeira. Desde então, estabeleceu-se uma conjunta e eterna comunhão afetiva e efetiva minha com essa sempre querida e jamais esquecida Diocese de São Miguel Paulista.

Hoje, passados 19 anos, cabe-me a alegre incumbência de passar as mãos de sua excelência, e mais do que isso, de colocar no seu coração de pastor zeloso, trabalhador da messe do Senhor, esta, por anos muito amada, porção do rebanho de Cristo. Com essas palavras, recordando a ação do bom pastor exaltada na sucessão viva dos apóstolos, Cristo nos lembra que ele, guiado pelo amor aos irmãos, sempre nos guarda e protege por meio dos seus santos apóstolos, conduzindo-nos através de seus pastores, segundo seu coração.

Portanto, se for o caso, Cristo, o Bom Pastor, torna-se o referencial único, supremo e absoluto do pastoreio da Igreja. Se por um lado a Igreja se formava sob a rocha que é Pedro, por outro são os pastores por ele constituídos que garantem sua presença, sua ação e sua visibilidade junto ao rebanho. Como sucessor dos apóstolos, constituído por Cristo no Espírito Santo, bispo diocesano de São Miguel Paulista, querido Dom Manuel, nós o acolhemos e aclamamos em nosso cordial afeto e de todo o coração.

Ouça:
Bendito o que vem em nome do senhor!
Hosana no mais alto dos céus!

Esta, a manifestação do seu povo em festa, Dom Manuel, ressoa com “Hosana nos mais alto dos céus!”, uma vez que estamos todos felizes com essa celebração.

A sucessão apostólica que se manifesta nesta liturgia no Templo de São Pedro, garante a universalidade da missão salvífica de Cristo junto há tantos ou quais ele encontrou. Sendo assim, consolidada, ao longo dos séculos, a Palavra do Senhor. “Não tenham medo. Estarei convosco para sempre”. O texto de Paulo, da 1 Cor 3,6 revelou os poderes que a Igreja recebeu, e nos ensina que todo o trabalhador é agraciado no Senhor, porque Deus Criador, Pai Redentor, realiza tudo em todos, na caminhada apostólica de sua ação salvífica. Os anos passam. As pessoas se despedem de cargos e funções. As situações... O mundo se transforma. E desta renovação emerge o novo, que é sempre um desafio. Embora, com apenas 19 anos, também a Diocese de São Miguel Paulista vive a dinâmica desta caminhada histórica, inserida na realidade específica de render glória com seus amores e desafios.

Assim, tentou ser criada a nova Igreja Particular, com a tarefa de consolidar-se enquanto uma porção do povo de Deus autônoma, confiada ao bispo com o seu presbitério. Torna-se necessário elencar aqui o que foi feito nessa caminhada de 19 anos. Todos temos diante dos olhos que a servimos de todo o coração, mas, sobretudo pela fé, esperança e caridade, tudo o que nestes anos aqui se fez e se viveu.

Espero, com a graça de Deus guiada pelo Espírito Santo e com a materna intercessão da Mãe de Deus e da Igreja Nossa Senhora da Penha, que apesar de nossas limitações, a diocese inteira possa se consolidar. Houve muito trabalho, muita canseira, muito suor. E assim, vivendo o Evangelho, acontece a semeadura, a colheita e a mudança alegre e feliz. Nisto, devemos obedecer a Deus com simplicidade e humildade, pois é ele o nosso juiz.

Que todos nós, engajados nesta Igreja Particular, possamos manifestar o nosso amor, o nosso carinho e a nossa dedicação para com esta diocese. ‘Bendito o que vem em nome do Senhor’, Dom Manuel Parrado Carral, ao passar-lhe o báculo, sinal do pastoreio, seu báculo tem uma luz: não se pastoreia sem a luz. Por isso, toda a família diocesana de São Miguel Paulista, aqui significativamente representada: sacerdotes, diáconos, seminaristas, religiosos e religiosas, agentes de pastoral, representantes das diversas campanhas de evangelização, fiéis leigos, agentes de serviços comunitários, vieram saudar-lhe, para como missionários, levarem sua proteção, e sob seu pastoreio, avançam em águas mais profundas em plena comunhão com a Igreja Eclesiástica, e voltada, ao mesmo tempo, das orientações que são, com certeza, fazer a vontade Deus e colaborar com a família diocesana aqui representada.

Dom Fernando Legal, SDB
Bispo Emérito de São Miguel Paulista

São Paulo, 02 de Março de 2008