sexta-feira, 27 de abril de 2012

49o. Dia Mundial de Oração pelas Vocações

No próximo Domingo, 29 de abril, o 4o. do tempo Pascal, emblematicamente chamdo Dia do Bom Pastor, vamos celebrar o 49o. Dia Mundial de Oração pelas Vocações, promovendo pela quadragésima nona vez em todo mundo o Dia de Oração pelas Vocações.

Com esta iniciativa, a Igreja de Cristo, acolhe solícita, a voz de seu Fundador, o bom Pastor: "Pedi ao Senhor da messe que envie operários para a sua messe". Voz emocionada de Jesus diante da multidão, que era como ovelhas sem Pastor.

Como seus antecessores, também o Santo Padre Bento XVI dirige a toda a Comunidade Eclesial uma Mensagem: "As Vocações, dom do amor de Deus", que transcrevemos na íntegra a seguir.

Para visualizar melhor o texto, facilitando sua leitura, tomamos a liberdade de indicar os diversos tópicos da Mensagem, atribuindo-lhes um numero.

1. INTRODUÇÃO

[Inicialmente, a Mensagem, o Santo Padre nos introduz no tema "As vocações,dom do amor de Deus", com uma referência à fonte do todo dom perfeito: "Deus é Amor". O amor de Deus é anterior à criação do homem. Pela criação e filiação divina, nasce um vínculo primordial de Deus com a humanidade, que ao longo dos séculos, predispõe o cumprimento do seu designio universal da salvação, no Filho Jesus. Bento XVI citando Santo Agostinho, conclui que "descrever o mistério inefável do encontro com Deus, com o seu amor que transforma a existência humana", (Confissões,X,27-38).]

BENTO XVI

Amados irmãos e irmãs,

O XLIX Dia Mundial de Oração pelas Vocações, que sera celebrado no IV domingo de Páscoa - 29 de Abril de 2012 - convida-nos a refletir sobre o tema "As vocações, dom do amor de Deus".

A fonte de todo dom perfeito é Deus, e Deus é Amor - Deus caritas est -; "quem permanece no amor permanece em Deus, e Deus nele" (1 Jo, 4,16). A Sagrada Escritura narra a história desse vínculo primordial de Deus com a humanidade, que antecede a própria criação. Ao escrever aos cristãos da cidade de Éfeso, São Paulo eleva um hino de gratidão e louvor ao Pai pela infinita benevolância com que predispõe, ao londo dos séculos, o cumprimento do seu desígnio universal de salvação, que é um desígnio de amor. No Filho Jesus, Ele "escolheu-nos - afirma o Apóstolo - antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreencíveis em caridade na sua presença" (Ef 1,4). Fomos amados por Deus ainda "antes" de começarmos a existir ! Movido exclusivamnete pelo seu amor incondicional, "criou-no do nada" (cf. 2 Mac 7,28) para nos conduzir à plena comunhão consigo.

À vista da obra realizada por Deus na sua providência, o salmista exclama maravilhado:"Quando contemplo o céu, obra das vossas mãos, a Lua e  as estrelas que Vos criastes, que é o homem para Vos lembrardes dele, o filho do homem para com ele Vos preocupardes?" (Sal 8,4-5). Assim, a verdade profunda da nossa existência esta contida neste mistério admiravel: cada criatura, e particularmente cada pessoa humana, é fruto de um pensamento e de um ato de amor de Deus, amor imenso, fiel e eterno (cf. Jer 31,3). É a descoberta desse fato que muda, verdadeira e profundamente, a nossa vida. Numa conhecida página das confissões, Santo Agostinho exprime, com grande intensidade, a sua descoberta de Deus, beleza suprema e supremo amor, um Deus que sempre estivera com ele e ao qual, finalmente abria a mente e o coração para ser transformado: "Tarde vos amei, ó beleza tão antiga e tão nova, tarde vos amei! Vos estáveis dentro de mim, mas eu estava fora, e fora de mim vos procurava; com o meu espírito deformado, precipitava-me sobre as coisas formosas que criastes. Estáveis comigo e eu não estava convosco. Retinha-me longe de Vos aquilo que não existiria, se não existisse em Vos. Chamaste-me, clamastes e rompeste a minha surdez. Brilhastes, resplandecestes e dissipastes a minha cegueira. Exalastes sobre mim o vosso perfume: aspirei-o profundamente, e agora suspiro por Vos. Saboreei-Vos e agora tenho fome e sede de Vos. Tocaste-me e agora desejo ardentemente a vossa paz" (Confissões, X, 27-38). O Santo de Hipona procura ,através destas imagens, descrever o mistério inefável do encontro com Deus, com o seu amor que transforma a existência inteira.

2. A GRATUIDADE DO AMOR DE DEUS.

[A gratuidade do amor de Deus é absoluta. Quanto ao ministério sacerdotal, esse amor sem reservas, leva a amar e servir a Igreja, como também move a crescer no amor e no serviço a Jesus Cristo Cabeça, Pastor e Esposo da Igreja. Um amor que se configura sempre como resposta, à iniciatica de Deus que chama. em Jesus Cristo.]

BENTO XVI  


Trata-se de um amor sem reserva que nos precede, sustenta e chama ao longo do caminho da vida e que tem a sua raiz na gratuidade absoluta de Deus. O meu antecessor, o Beato João Paulo II, afirmava - referindo-se ao ministério sacerdotal - que cada "gesto ministerial, enquanto leva a amar e servir a Igreja, impele a amadurecer cada vez mais no amor e no serviço a Jesus Cristo Cabeça, Pastor e Esposo da Igreja, um amor que se configura sempre como resposta ao amor prévio, livre e gratuito de Deus em Cristo" (Exort. ap. Pastores dabo vobis, 25). De fato, cada vocação específica nasce da iniciativa de Deus, é dom do amor de Deus! É Ele que realiza o "primeiro passo", e não o faz por uma particular bondade que teria vislumbrado em nós, mas em virtude da presença do seu próprio amor "derramado nos nossos corações pelo Espirito Santo" (Rm 5,5).

Em todo o tempo, na origem do chamamento divino esta a iniciativa do amor infinito de Deus, que se manifesta plenamente em Jesus Cristo. "Com efeito - como escrevi na minha primeira Encíclica, Deus caritas est - existe uma multipla visibilidade de Deus. Na historia de amor que a Bíblia nos narra, Ele vem ao nosso encontro, procura conquistar-nos - até à Última Ceia, até ao Coração trespassado no cruz, até às aparições do Ressuscitado e as grandes obras pelas quais Ele, através da ação dos Apóstolos, guiou o caminho da Igreja nascente. Também na sucessiva historia da Igreja,o Senhor não esteve ausente: incessantemente vem ao nosso encontro, através de pessoas nas quais Ele Se revela; através da sua Palavra no Sacramentos, especialmente na Eucaristia" (n. 17).

3. O AMOR DE DEUS PERMANECE PARA SEMPRE E É FIEL E FECUNDO. 

[Por ser eterno e fiel à promessa, o Amor de Deus, com sua beleza persuasiva deve ser anunciado  especialmente às novas gerações. Amor que não falha, mesmo em nas circunstâncias mais difíceis.]

BENTO XVI

O amor de Deus permanece para sempre; é fiel a si mesmo, à "promessa que jurou manter por mil gerações" (Sal 105,8). Por isso é preciso anunciar de novo, especialmente às novas gerações a beleza persuasiva desse amor divino, que procede e acompanha: este amor é a mola secreta, a causa que não falha mesmo nas circunstâncias mais difíceis.

Amados irmãos e irmãs, é a este amor que devemos abrir a nossa vida; cada dia,Jesus Cristo chama-nos à perfeição do amor do Pai (cf. Mt 5, 48). Na realidade, a medida alta da vida cristã consiste em amar "como" Deus; trata-se de um amor que, no dom total de si, se manifesta fiel e fecundo. Á prioresa do mosteiro de Segovia, que fizera saber a São João da Cruz a pena que sentia pela dramática situação de suspensão em que ele então se encontrava, este santo responde convidando-a a agir como Deus:"A única coisa que deve pensar é que tudo é predisposto por Deus; e onde não há amor, semeie amor e recolherá amor" (Epistolário, 26).

4. TODAS AS VOCAÇÕES NASCEM E SÃO FRUTO DA ABERTURA AO AMOR DE DEUS.

[Em um coração em oblação, aberto ao amor de Deus, nascem e crescem todas as vocações. A Palavra e os Sacramentos, mormente a Eucaristia, possibilitam viver o amor ao próximo, em cujo rosto apendemos a vislumbrar o de Cristo. Amor a Deus e amor ao proximo, duas expressões do único amor divino, a serem testemunhadas especialmente aos mais necessitados, por quem decide assumir a vocação ao ministério sacerdotal. O amor divino é a causa da resposta dada ao Senhor através da Ordenação sacerdotal].
BENTO XVI

Neste terreno de um coração em oblação, na abertura ao amor de Deus e como fruto desse amor, nascem todas as vocações. E é bebendo nesta fonte durante a oração, através de uma familiaridade assídua com a Palavra e os Sacramentos, nomeadamente a Eucaristia, que é possivel viver o amor ao próximo, em cujo rosto se aprende a vislumbrar o de Cristo Senhor (cf. Mt 25, 31-46). Para exprimir a ligação indivisivel entre estes "dois amores" - o amor a Deus e o amor ao próximo - que brotam da mesma fonte divina e para ela se orientam, o Papa São Gregório Magno usa o exemplo da plantinha: "No terreno do nosso coração, [Deus] plantou primeiro a raiz do amor a Ele e depois, como ramagem, desenvolveu-se o amor fraterno" (Moralia in Job, VII, 24,28:PL 75,780 D).

Estas duas expressões do único amor divino devem ser vividas, com particular vigor e pureza de coração, por aqueles que decidirem empreender um caminho de discernimento vocacional em ordem ao ministério sacerdotal e a vida consagrada; aquelas constituem o seu elemento qualificante. De fato o amor a Deus, do qual os presbíteros e os religiosos se tornam imagens visíveis - embora sempre imperfeitas -, é a causa da resposta à vocação de especial consagração ao Senhor através da ordenação presbiteral ou da profissão dos conselhos evangélicos. O vigor da resposta de São Pedro ao divino Mestre - "Tu sabes que Te amo" (Jo 21,15) - é o segredo duma existência doada e vivida em plenitude e, por isso, repleta de profunda alegria.

A outra expressão concreta do amor -o amor ao próximo, sobretudo às pessoas mais necessitadas e atribuladas - é o impulso decisivo que faz do sacerdote e da pessoa consagrada um gerador de comunhão entre as pessoas e um semeador de esperança. A relação dos consagrados, especialmente dos sacerdotes, com a comunidade cristã é vital e torna-se parte fundamental também do seu horizonte afetivo. A este propósito, o Santo Cura d'Ars gostava de repetir:"o padre não é padre para si mesmo; é-o para vós" [Le cure d'Ars. Sa pensée iSon coeur (ed. Foi Vivante - 1966), p. 100].

5. PASTORAL VOCACIONAL - OS RESPONSÁVEIS PELA PROMOÇÃO VOCACIONAL

[Com viva solicitude o Papa lembra a toda a Igreja, bispos, presbíteros, diáconos, consagrados(as), catequistas agentes de pastoral e educadores, a escutar atentamente os que apresentam sinas de vocação sacerdotal. Criar na Igreja, condições favoráveis para que muitas respostas positivas, generosas, ao chamado amoroso de Deus.]

BENTO XVI
Venerados irmãos no episcopado, amados presbíteros, diáconos, consagrados e consagradas, catequistas, agentes pastorais e todos vós que estais empenhados no campo da educação das novas gerações, exorto-vos, com viva solicitude, a uma escuta atenta de quantos, no âmbito das comunidades paroquiais, associações e movimentos, sentem manifestar-se os sinais duma vocação para o sacerdocio ou para uma especial consagração. É importante que se criem, na Igreja, as condições favoráveis para poderem desabrochar muitos "sins", respostas generosas ao amoroso chamamento de Deus.

É tarefa da pastoral vocacional oferecer os pontos de orientação para um percurso frutuoso. Elemento central ha de ser o amor à Palavra de Deus, cultivando uma familiaridade crescente com a Sagrada Escritura e uma oração pessoal e comunitária devota e constante, para ser capaz de escutar o chamamento divino no meio de tantas vozes que inundam a vida diária. Mas o "centro vital" de todo o caminho vocacional seja sobretudo a Eucaristia: é aqui no sacrificio de Cristo, expressão perfeita de amor, que o amor de Deus nos toca; e é aqui que aprendemos incessantemente a viver a "medida alta" do amor de Deus. Palavra, oração e Eucaristia constituem o tesouro precioso para se compreender a beleza duma vida totalmente gasta pelo Reino.

6. O QUE ESPERA DAS DIOCESES O SANTO PADRE.

[Antes da Bênção Apostólica, o Santo Padre, coclue sua Mensagem manifestanto o desejo de que todas as Dioceses sejam: Lugares de vgilante discernimento e de verificação vocacional profunda e as familias promovam e acompanhem as vocações, atravé de uma experiencia do amor oblativo].

BENTO XVI

Desejo que as Igrejas locais, nas suas várias componentes, se tornem "lugar" de vigilante discernimento e de verificação vocacional profunda, oferecendo aos jovens e às jovens um acompanhamento esoiritual sábio e vigoroso. Deste modo a própria comunidade cristã torna-se manifestação do amor de Deus, que guarda em si mesma cada vocação. Tal dinâmica, que corresponde às exigências do mandameto novo de Jesus, pode encontrar uma expressiva e singular realização nas famílias cristãs. cujo amor é expressão do amor de Cristo, que Se entregou à Si mesmo pela sua Igreja (cf. Ef 5,25). Na família, "comunidade de vida e de amor" (Gaudium et Spes, 48)`, as novas gerações podem fazer uma experiencia maravilhosa do amor de oblação. De fato, as famílias são não apenas lugar privilegiado da formação humana e cristã, mas podem constituir também "o primeiro e o melhor seminário da vocação à vida consagrada pelo Reino de Deus" (Exot. ap. Familiaris Consortio, 53), fazendo descobrir, mesmo no âmbito da família, a beleza e a importância do sacerdócio e da vida consagrada. Que os Pastores e todos os fiéis leigos colaborem entre si para que, na Igreja, se multipliquem estas "casas e escolas de comunhão" a exemplo da Sagrada Familia de Nazaré, reflexo harmonioso na terra da vida da Santíssima Trindade.

Com estes votos, concedo de todo coração a Bênção Apostólica a vós, veneráveis Irmãos no episcopado, aos sacerdotes, aos diáconos, aos religiosos, às religiosa e a todos os fieis leigos, especialmente aos jovens e às jovens que, de coração dócil, se põem à escura da voz de Deus, prontos a acolhe-la com uma adesão generosa e fiél.

BENTO XVI