sexta-feira, 30 de maio de 2014

Crescimento dos Católicos

Aumentam os discípulos de Cristo, apesar das perseguições
O Anuário Estatístico da Santa Sé revela que no período 2005-2012 houve um crescimento de católicos no mundo de 10,2%
Por Federico Cenci
ROMA, 29 de Maio de 2014 (Zenit.org) - O sangue dos mártires, dizia Tertuliano, é a semente de novos cristãos. Intuição muito certeira, a do célebre apologista que viveu entre o II e o III século. A história dos últimos dois mil anos, além do mais, é uma constante repetição das ferozes perseguições contra os discípulos de Cristo, os quais, no entanto, em vez de desaparecerem, aumentam.
O triste fenômeno na contemporaneidade é ainda mais grave. Em muitas partes do mundo existem perseguições sistemáticas, de forte intensidade e repletas de ideologia. De acordo com a Comissão episcopal da União europeia, os cristãos oprimidos no mundo são cerca de 200 milhões. No Ocidente, onde, aparentemente, os cristãos são livres para professar livremente a própria fé, muitas vezes, há formas diversas de perseguições, nas quais os valores próprios do cristianismo são constantemente julgados em nome de um, não melhor, laicismo.
História magistra vitae, afirmavam os contemporâneos de Tertuliano. E então, aos perseguidores de hoje seria suficiente dar uma olhada ao passado para compreender a inutilidade das suas ações. Significativo que, mesmo nesta época marcada por uma escalada de violência anti-cristã, o número de batizados continua a aumentar. De 2005 a 2012, os fiéis católicos aumentaram passando de 1.115 a 1.229 bilhões, um aumento de 10,2 por cento.
O dado foi publicado pelo Anuário Estatístico da Santa Sé nestes dias. A área com o maior número de católicos continua a ser a Europa (23% do total), enquanto o crescimento tem sido menos dinâmico do que em outras áreas do planeta. É precisamente na África – martirizada por atentados que atingem com muita crueldade as comunidades na Nigéria , República Centro Africano, no Quênia, Somália – onde se confirma o maior crescimento: aqui os fieis passaram de 13,8% em 2005 ao 16,2% em 2012.
Com 11% de católicos, a outra área que registra uma crescimento constante de batizados é a Ásia, depois do “continente negro” a segunda em perseguições. Apesar da difusão capilar das seitas evangélicas, se consolida depois a posição da América com o 49% dos católicos batizados no mundo. Estável também a incidência na Oceania.
Fala-se muito das vocações em declínio. Não se especifica, porém, que esta tendência negativa refere-se somente ao mundo ocidental. De 2005 a 2012, na verdade, o número total de sacerdotes aumentou em dois pontos percentuais. Passou-se dos 406.411 sacerdotes divididos em 269.762 diocesanos e 136.649 religiosos, aos 414.313, dos quais 279.561 membros do clero diocesano e 134.752 membros do clero religioso.
O crescimento é maior entre os seminaristas. Se em 2005 havia 114.439, em 2012 haviam 120.051, registrando um aumento de 4,9%. Liderando a classificação, neste caso, é a Ásia, com um crescimento de 18%, seguida da África, com o 17,6%, e da Oceania com 14,2%. Ligeira a diminuição na América (-2,8%), enquanto é consistente o declínio na Europa, onde de 2005 ao 2012 o número de jovens que entram no seminário sofreu um declínio de 13,2%. Uma análise detalhada dos dados relativos às vocações sacerdotais no mundo foi realizado por Vittorio Formenti e Enrico Nenna, do Departamento central de estatísticas da Santa Sé. (Trad.TS)


Anuário da Sta Sé

terça-feira, 8 de abril de 2014

FELIZ  E  SANTA  PASCOA  -  2014

Cristo Ressuscitou Realmente, Aleluia     
“Por que procurais entre os mortos aquele que esta vivo?    
   Não esta aqui, mas ressuscitou” (Lc 24,5-6).
            

A descoberta do túmulo vazio por Pedro e por outro discípulo, a quem Jesus amava, foi o  primeiro passo para o reconhecimento do fato da Ressurreição.   

Alertado  por Maria Madalena, Pedro vai ao tumulo, com aquele outro discípulo. Ao chegarem ao tumulo, Pedro entra por primeiro e vê as faixas de linho no chão e também o sudário que tinha envolvido o corpo de Jesus enrolado num lugar à parte..

Então entrou também o outro discípulo:  
Ele viu e acreditou  (cfr Jo 20, 1-10).  
 
Também nós, com a mesma fé da Igreja, acreditamos que Cristo  verdadeiramente ressuscitou, tornando-nos, discípulos e missionários do Ressuscitado  

   “Cristo Ressuscitou dos mortos. 
   Pela sua morte venceu a morte. 
  Aos mortos deu a vida”,  (Liturgia Bizantina – Tropário de Páscoa).                                                               
Acolhemos essa vida nova, com alegria, confiando no auxílio da  Virgem Mãe do Ressuscitado.
Com fraterno afeto, ao bom irmão e a quantos lhe são caros, os votos de Santa e Feliz Páscoa – 2014, do irmão e amigo,
         
                                                                     Dom Fernando Legal, sdb  
                                                                     Bispo Emérito de São Miguel Paulista  

sexta-feira, 27 de dezembro de 2013


FELIZ  NATAL   DO  SENHOR  2013  -  ABENÇOADO  ANO  NOVO  -  2014

 


 

                       Querido Irmão, querida irmã

 

PAZ E BEM – NASCEU O PRINCIPE DA PAZ

 

Com o Papa Francisco, vamos a Belém, onde como no primeiro Natal, também neste de 2013, nasce para nós o Príncipe da Paz.

 

O Papa Francisco, Vigário do Príncipe da Paz, particularmente preocupado, diante da desgraça de uma eminente guerra, que poderia se alastrar por toda a humanidade, convoca a Igreja inteira, para um dia de jejum e oração

 

Eis suas palavras.

 

 “A Humanidade precisa ver gestos de paz e escutar palavras de esperança e de paz... Peçamos a Maria, que nos ajude a responder à violência, ao conflito e à guerra com a força do diálogo, da reconciliação e do amor. Ela é Mãe. Que Ela nos  ajude a encontrar a paz, todos nós somos seus filhos! Ajudai-nos, Maria, a supera este momento de difícil e a nos comprometermos a construir, todos e em todo lugar, uma autêntica cultura do encontro e da paz. Maria, Rainha da paz, rogai Poe nós”, (Papa Francisco, ao convocar a Igreja inteira  para um dia de jejum e de oração pela paz).

 

Neste Natal, como em todos os Natais, vamos encontrar o Príncipe da Paz, Senhor Rei do Universo em uma manjedoura, como uma criança pobre, frágil, indefesa e carente,igual a milhões de outras espalhadas pelo mundo, numa sociedade descristianizada, egoísta e gananciosa,  

 

Maria, Rainha da Paz, Auxiliadora do Povo Cristão, nos ajuda com a força do Diálogo, da Reconciliação e do Perdão e Amor, a vivermos um Natal Feliz na paz com Deus e com os Irmãos, na Igreja e na Sociedade.

 

Querido Irmão, querida irmã, como Discípulos e Missionários, com o Menino que nos foi dado, em Belém, partimos do presépio alegres e esperançosos, comprometidos com a construção de um mundo mais justo, fraterno e solidário

.

Caro irmão, cara irmã , e a quantos lhe são queridos, os votos de Feliz Natal – 2013  e Frutuoso Ano Novo – 2014, do seu sempre irmão e amigo, em Cristo, Bom Pastor, Príncipe da Paz.

 

 
                      Dom Fernando Legal, SDB

                      Bispo Emérito de São Miguel Paulista.

           

  

 

 

 

 

 

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Jubileu de Ouro Sacerdotal do Pe. João Croimans

Mensagem pelo  Jubileu de Ouro Sacerdotal do Pe. João Croimans

07 de Julho de 2013

Caríssimo irmão no sacerdócio,
Pe. João Croimans

“...alegrai-vos porque vossos nomes estão escritos no céu”, (Lc 10,20).

Ao cumprimentá-lo pela celebração de suas Bodas de Ouro de Sacerdócio, tenho em mente o texto do evangelho de Lucas, em que os setenta e dois discípulos são enviados por Jesus dois a dois, a todas as cidades e lugares, para onde ele mesmo devia ir.

Uma vez cumprida a missão, os discípulos se apresentam ao Mestre e cheios de alegria relatam o sucesso que tinham obtido a ponto de os demônios se submeterem a eles: “Senhor, até os demônios se submetem a nós, em virtude do vosso Nome”, (10,17).

 O Mestre participa da alegria de seus discípulos pelo sucesso da missão que lhes confiara e lhes fala de uma outra alegria infinitamente superior:  “alegrai-vos porque vossos nomes estão escritos no céu” (10,20).

Caríssimo Pe. João, esta alegria dos setenta e dois discípulos é também a alegria que hoje experimenta o senhor, depois de cinqüenta anos, desde o dia em que na Bélgica, sua querida pátria, o mesmo Jesus o escolheu e o fez seu sacerdote, confiando-lhe a sublime missão de ser na Igreja e no mundo a presença atuante de Cristo, sumo e eterno sacerdote.

Por disposição divina, o horizonte dessa missão se alarga, e o conduz por mares e caminhos nunca antes navegados ou caminhados, até a cidade que herdou do Apóstolo Paulo, o nome e o exuberante ardor missionário, a metrópole cosmopolita de São Paulo, no coração do Brasil.

Aqui, poucos anos depois de sua ordenação sacerdotal, com todo vigor de jovem sonhador, acalentando projetos desafiadores para seu insipiente ministério de padre e de missionário, em uma realidade nova e tão diferente da vivida até então, mas fortalecido pela força do evangelho, o senhor mergulhou de corpo e alma na missão de evangelizar: “Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a todas as criaturas. Aquele que crer e for batizado será salvo” (Mc16, 15s).

A preocupante falta de sacerdotes para atender principalmente a população da periferia desta cidade, cuja população que crescia significadamente, despertou em seu coração o espírito missionário que o levou a aceitar o divino  chamado e é paternalmente acolhido pelo então Arcebispo de São Paulo, Card. Agnelo Rossi.

Hoje, depois  de cinqüenta anos de padre, dos quais quarenta e sete dedicados com fidelidade e perseverança à ação evangelizadora da Igreja, entre nós, especificamente na Paróquia de Santo Antônio, de Vila Ré, o senhor se apresenta ao Divino Mestre, com a consciência tranqüila de ter cumprido a missão.

Ninguém melhor do que Ele, o primeiro e o mais importante evangelizador, para avaliar e partilhar consigo a felicidade pela riqueza das maravilhas que nesses longos e frutuosos realizadas senhor e através do senhor realizadas  no  rebanho, desta sofrida periferia leste de São Paulo.

Grande parte desses cinqüenta anos de sacerdócio, o senhor os viveu na Igreja do Brasil, primeiro na Arquidiocese de São Paulo e depois na Diocese de São Miguel Paulista.  O Brasil tornou-se sua segunda pátria, é simplesmente sua pátria, como o é a Belgica e nos orgulhamos com isto.

Pessoalmente quero de coração e com afeto fraterno agradecer-lhe a preciosa colaboração que tive de sua parte nos dezenove anos em que estive à frente da Diocese de São Miguel Paulista como seu primeiro Bispo Diocesano.

Como servo bom e fiel, a melhor parte desta sua alegria é o tesouro da missão cumprida, que jamais lhe será tirada: “juntai para vós tesouros no céu, onde nem a traça e a ferrugem destroem nem os ladrões assaltam e roubam” (Mt 6, 19).

Termino com o ensinamento de Jesus no texto de Mateus em que dialoga com o jovem rico, que não teve a coragem de se desfazer de sua riqueza  para segui-Lo. (Mt 19, 16-30). 

Diante da recusa ao convite de Jesus: “Vai, vende tudo o que possuis e dá aos pobres e terás um tesouro no céu. Vem depois e segue-me”, (Mt 19, 21), motivado por possuir muitos bens, o encontro do  jovem rico, com o Mestre, tem um final melancólico com o triste afastamento do jovem e a dolorosa conclusão: “E Jesus disse a seus discípulos: Em verdade vos digo que dificilmente um rico entrará no Reino do céu”, (Mt 19, 23).

Diante desta atitude negativa do jovem rico, temos o questionamento de Pedro sobre a recompensa que terão aqueles que renunciarem a tudo para segui-Lo, de acordo com Seu convite: “Eis que nós abandonamos tudo e vos seguimos. Que haverá então para nós ?” (Mt 19, 27).

O questionamento de Pedro tem como resposta de Jesus: “E todo aquele que abandonar casas, ou irmãos, ou irmãs, ou pai, ou mãe, ou esposa, ou filhos, terras, por causa de meu nome, receberá o cêntuplo e possuirá a vida eterna”, (Mt 19, 29).

Querido Pe. João, como é edificante conhecer suas renúncias feitas com alegria, em vista de sua missão de sacerdote e missionário e por isso nos alegramos ao vê-lo incluído entre os que receberão o cêntuplo  e a vida eterna.
Obrigado por nos enriquecer com seu edificante testemunho de vida. Parabéns pela fidelidade e perseverança de seu Jubileu de Ouro Sacerdotal  

Com Maria, a Mãe especialíssima dos sacerdotes, que lhe é hoje e sempre, Mãe, Auxiliadora e Mestra, nossos votos de muitos anos felizes de benéfico ministério.
Fraternalmente em Cristo,

  
                                                                   Dom Fernando Legal, SDB 
                                                                   Bispo Emérito de São Miguel Paulista,                                                                                                                                                                                                                                                                                              

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Santuário da Mãe Aparecida, Padroeira do Brasil

Santuário de Aparecida - Devoção a Nossa Senhora 
Romeiros de Aparecida - Recordes de 2012


 
A movientação de peregrinos ao Santuário de Nossa Senhora Aparecida, Rainha e Padroeira do Brasil, na cidade de Aparecida, Estado de São Paulo, durante o ano de 2012 atindiu 11 milhões, 114 e 639 de pesoas, batendo todos os recordes anteriores.

Este número foi maior do que o do ano passado (2011), quando o Santuário recebeu 10 milhões e 900 mil fiéis. Setembro de 2012, foi o mês de maior movimentação, quando o Santuário acolheu 01 milhão 298 mil e 56 fiéis peregrinos.

Esta multidão de peregrinos, que continuamente buscam com emocionante piedade, a Casa da Mãe Aparecida, testemunha a confiança filial que nEla depositam e registram a  longa e abençoada caminhada histórica de sua devoção entre nós.

É evidente a presença materna da Mãe Aparecida, na terra de Santa Cruz, inserida com admiravel destaque no mistério de Cristo, Deus e Salvador, como protetora e celeste intercessora do Povo Brasileiro junto de Deus.

Esta caminhada histórica, tive sua origem ha mais de três séculos, por volta de 1717, quando a pequena imagem de Nossa Senhora Aparecida foi encontrada pelos pescadores Domingos Martins Garcia, João Alves e Filipe Pedroso nas águas do rio Pataiba do Sul, na região de Guaratinguetá, no estado de São Paulo.

Depois de bastante tempo sem nada pescarem, um deles, João Alves trouxe em sua rede parte correspondente ao corpo da imagem. A partir daí a pesca tornou abundante. Felizes os três pescadores voltaram para casa trazendo consigo a imagem e contando a todos o milagre que haviam vivido.

Interessante notar que o culto de Nossa Senhora Aparecida nasceu e paulatinamente cresceu no meio do povo, posteriormente foi sendo assumido, tendo por volta do ano de 1745 sua primeira igreja oficial, em torno da qual viria nascer o povoado de Aparecida.

Continuando a caminhada, chega o momento em que a devoção e o culto de Nossa Senhora Aparecida atinge tal proporção e significado junto ao povo que é escolhida  como especial Padroeira do Brasil, que se coloca confiante sob sua materna proteção de poderosa intercessora junto de Deus, sendo solenemente coroada.

O atual Santuario Nacional com a capacidade de acolher 45.000 romeiros de Nossa Senhora, é uma resposta à necessidade de acolhida dos milhões de peregrinos que anualmente visitam a Casa da Mãe.

Em sua primeira visita pastoral ao Brasil, o Beato João de Deus, Papa João Paulo II, em 04 de julho de 1980 consagrou esse Santuario Nacional de Nossa Senhora Aparecida, concedendo-lhe o título de Basílica.

É salutar vivenciar com Fé e Amor a presença de Maria entre nós aprofundando o conhecimento da vida e a missão na Igreja e no Mundo. Como a nova Eva, esta ela inserida no Mistério de seu divino Filho Jesus, o novo Adão. nosso Deus e Salvador.

Na cruz, Jesus nosso Deus e Salvador, apresenta Maria como nossa Mãe, na pessoa de João Evangelista: "Jesus ao ver sua Mãe e, ao lado dela o discípulo que ele amava, disse à mãe: "Mulher, eis o teu filho. Depois disse ao discípulo: "Eis a tua mãe" (Jo 19, 26s).

Entre nós, nas águas do rio Paraiba, Maria se apresenta como Mãe carinhosa do povo brasileiro, com um sinal simples, pobre e humilte, como é a pequenina a imagem de Nossa Senhora da Conceição Aparecida.

Já na Encarnação, ao conceber em seu seio virginal, por obra do Espírito Santo, o Verbo feito Carne, Jesus Cristo, Cabeça do Corpo Mistico, que é a Igreja, Ela misticamente também concebeu a todos nós, tornando-se nossa Mãe, uma vez que como membros, formamos com Cristo Cabeça um só e mesmo Corpo, (Ef 1, 22s / 1Co 12).

Ensina-nos Lucas, na visita de Maria a Isabel, que sem o Espírito Santo é simplismente impossivel reconhecer e aceitar a maternidade divina de Maria: "... e Isabel ficou repleta do Espirito Santo. Com voz forte ela exclamou: Bendita es Tu entre as  mulheres e bendito é o fruto do teu ventre. Como mereço que a Mãe do meu Senhor venha me visitar?" (Lc 1, 41-43).   

Este ato de Fé na maternidade divina de Maria acontece pela revelação do Espírito Santo, comprovada pela purificação de João Batista ainda no ventre de Isabel: "Logo que a tua saudação ressoou nos meus ovidos, o menino pulou de alegria no meu ventre" (Lc 1, 44).  
Diante da profissão de Fé de Pedro, ao reconhecer a divindade de Jesus: "Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo" (Mt 16,...16), o próprio Jesus Cristo afirma  essa necessidade absoluta da revelação para chegarmos ao conhecimento das verdades de Fé: "Feliz és tu, Simão, filho de Jonas, porque não foi a carne e sangue quem te revelou isso, mas o meu Pai que esta no céu: " (Mt 16, 17).

Por esta razão, a Igreja que Jesus fundou sobre a rocha que é Pedro e seus Sucessores: "Por isso eu te digo, tu és Pedro e sobre essa rocha construirei a minha Igre e as forças do inferno não vence-la" (Mt 16, 18), tem Maria como a criatura, entre todas a mais excelente, profundamente inserida no Misterio de Cristo e a Ele unida de modo inseparavel.

È esta a doutrina que encontramos na eclesiologia do Concílio Vaticano II,
particularmente na "Constituição Dogmática Lumen Gentium", magistralmente contida no capítulo VIII, com o sugestivo título: "A Bem Aventurada Virgem Maria Mãe de Deus, no mistério de Cristo e da Igreja".

É precisamente isto que nossa gente, agraciada com o dom da Fé Catolica, entende com segurança e vive com amor na sua filial devoção a Nossa Senhora da Conceição Aparecida.

Com tantos sérios desafios, a Terra de Santa Cruz encontra em sua celeste Padroeira, Nossa Senhora da Conceição Aparecida, garantia de um futuro que o liberte de todo mal. Amem







quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Mensagem de Natal 2012

Meus amigos caros irmãos e irmãs em Cristos  



Feliz e Santo Natal de 2012 – Abençoado e Frutuoso Anp Novo de 2013
“Ano da Fé” – 2012 / 2013
Natal: “O Verbo se Fez Carne e Habitou entre Nós” (Jo 1,14)

O Verbo de Deus Pai é Jesus de Nazaré
Em Jesus de Nazaré temos Deus conosco, nosso Salvador
Ele é o Filho da Virgem Maria
Jesus de Nazaré é a Igreja e a Igreja é Jesus de Nazaré


Natal de todos os anos, celebrado tantas vezes na vida de cada um de nós.
Sem dúvida que na rotina de todos esses anos, cada celebração do Natal tem sua característica peculiar.

Característica que nos marcou com sorrisos de felicidade ou com lágrimas de sofrimento, conforme o contexto existencial em que foi ele por nós celebrado.

Sem dúvida alguma porém, em todos esses natais, nunca faltou o amor de Deus, que se fez presente na fragilidade de uma criança pobre e humilde, para nos enriquecer com o dom da filiação divina, que nos dignifica e fortalece para nele, que nos dá força e garantia superarmos tudo quanto possa nos afligir, (Fl 4,12)

Este Natal acontece no “Ano da Fé”, a nos comprometer com a Nova Evangelização, renovando a Esperança de um novo mundo de “Glória a Deus no mais alto dos céus e na terra, paz aos homens por Ele amados” (Lc 2, 14).

Esperança que na visão profética de Jeremias, se identifica com a Esperança Messiânica, (Jr 33) e pelo profeta Isaias é apresentada por profundas transformações que resultaram em um “novo céu e nova terra”: (Is 65,16-25).

Este será o Natal do “Ano da Fé”.

Diante do desafio da descristianização, como Sucessor de Pedro e a sensibilidade do Bom Pastor, Bento XVI proclama o “Ano da Fé”, com o objetivo de "Fazer brilhar, com evidência sempre maior, a alegria e o renovado entusiasmo do encontro com Cristo”, (Porta da Fé, n. 2).

Este Natal do “Ano da Fé” é um convite de amor do Pai, para irmos até Belém, ao encontro de seu Filho, a nós doado como Emanuel, Deus Salvador.

Guiados pelo anjo, felizes acompanhemos os pastores a caminho de Belém e com eles acolhamos o Salvador, que nasceu para nós; Cristo Senhor, (Lc 2,11).

É para esse encontro com o Menino Jesus, e nEle nos encontrarmos também entre nós, que lhe desejo com afeto fraterno um Santo e Feliz Natal e Frutuoso “Ano da Fé”, assumindo com alegria e entusiasmo, a Nova Evangelização.

Unidos em Cristo Sacerdote, Bom Pastor, sempre irmãos e amigos para, a missão de discípulos e miaaionários no mundo de hoje.


 Dom Fernando Legal, SD
Bispo Emérito de São Miguel Paulista

















quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Ano da Fé - 3a. Catequese: A Fé da Igreja

O Ano da Fé nas Catequeses de Bento XVI
"A Fé da Igreja"
3a. Catequese - 31 de outubro de 2012 



Bento XVI continua suas Catequeses prosseguindo suas reflexões, dedicando esta 3a. da série à Fé Católica, depois de ter mostrado anteriormente ser a Fé do dom.
Nesta, o Papa parte de algumas perguntas: * a Fé tem um caracter so pessoal, indivudual? * Diz respeito só à minha pessoa? * Vivo a  minha Fé individualmente, algo que acontece no mais profuno íntimo e marca uma conversão pessoal?
O Santo Pade encontra resposts à este questionameto na eclesiologia, em a Igreja enquanto Corpo Mistico de Cristo, compõe-se de membros com dupla dimensão, uma pessoal e outra social.
A eclesiologia do Concílio Vaticano II, cujo cinqüentenário estamos a celebrar.
Como ovelhas acolhamos a voz de nossos Pastor.

XXXXX  -  XXXXX


Queridos irmãos e irmãs,

Prosseguimos no nosso caminho de meditação sobre a fé católica. Na semana passada mostrei como a fé é um dom, porque é Deus que toma a iniciativa e vem até nós; e assim a fé é uma resposta com a qual nós O acolhemos como fundamento estável da nossa vida. É um dom que transforma a existência, porque nos faz entrar na mesma visão de Jesus, o qual age em nós e nos abre ao amor a Deus e aos outros.

Hoje gostaria de dar outro passo na nossa reflexão, partindo mais uma vez de algumas perguntas: a fé tem um carácter só pessoal, individual? Diz respeito só à minha pessoa? Vivo a minha fé individualmente? Decerto, o acto de fé é eminentemente pessoal, o qual se realiza no íntimo mais profundo e marca uma mudança de direcção, uma conversão pessoal: é a minha existência que recebe uma mudança, uma orientação nova. Na Liturgia do Baptismo, no momento das promessas, o celebrante pede para manifestar a fé católica e formula três perguntas: Credes em Deus Todo-Poderoso? Credes em Jesus Cristo seu único Filho? Credes no Espírito Santo? Antigamente estas perguntas eram dirigidas pessoalmente a quantos deveriam receber o Baptismo, antes de os imergir três vezes na água. E também hoje a resposta é dada no singular: «Creio».

Mas este meu crer não é o resultado de uma minha reflexão solitária, nem o produto de um meu pensamento, mas é fruto de uma relação, de um diálogo, no qual há um ouvir, um receber e um responder; é o comunicar com Jesus que me faz sair do meu «eu» fechado em mim mesmo para me abrir ao amor de Deus Pai. É como um renascimento no qual me descubro unido não só a Jesus mas também a todos os que caminharam e caminham na mesma senda; e este novo nascimento, que inicia com o Baptismo, continua por todo o percurso da existência. Não posso construir a minha fé pessoal num diálogo privado com Jesus, porque a fé me é doada por Deus através duma comunidade crente que é a Igreja e, desta maneira, me insere na multidão dos crentes numa comunhão que não é só sociológica, mas radicada no amor eterno de Deus, que em Si mesmo é comunhão do Pai, do Filho e do Espírito Santo, é Amor trinitário. A nossa fé só é deveras pessoal, se for também comunitária: só pode ser a minha fé, se viver e se mover no «nós» da Igreja, se for a nossa fé, a fé comum da única Igreja.

Aos domingos, durante a Santa Missa, recitando o «Credo», nós expressamo-nos em primeira pessoa, mas confessamos comunitariamente a única fé da Igreja. O «Credo» pronunciado singularmente une-se ao de um imenso coro no tempo e no espaço, no qual cada um contribui, por assim dizer, para uma polifonia concorde na fé. O Catecismo da Igreja Católica resume de modo claro: «“Crer” é um acto eclesial. A fé da Igreja precede, gera, apoia e nutre a nossa fé. A Igreja é a Mãe de todos os crentes. “Ninguém pode dizer que tem Deus como Pai se não tiver a Igreja como Mãe” [São Cipriano]» (n. 181). Portanto, a fé nasce na Igreja, conduz para ela e vive nela. É importante recordar isto.

No ínicio do acontecimento cristão, quando o Espírito Santo desce com poder sobre os discípulos, no dia de Pentecostes — como narram os Actos dos Apóstolos (cf. 2, 1-13) — a Igreja nascente recebe a força para actuar a missão que lhe foi confiada pelo Senhor ressuscitado: difundir o Evangelho em todos os cantos da terra, a boa nova do Reino de Deus, e, deste modo, guiar todos os homens para o encontro com Ele, para a fé que salva. Os Apóstolos superam todos os temores proclamando o que tinham ouvido, visto, experimentado pessoalmente com Jesus. Pelo poder do Espírito Santo, iniciam a falar línguas novas, anunciando abertamente o mistério do qual foram testemunhas. Depois nos Actos dos Apóstolos é-nos referido o grande discurso que Pedro pronuncia precisamente no dia de Pentecostes. Ele começa com um trecho do profeta Joel (3, 1-5), referindo-o a Jesus, e proclamando o núcleo central da fé cristã: Aquele que beneficiou todos, que foi reconhecido junto de Deus com prodígios e sinais importantes, foi pregado na cruz e morreu, mas Deus ressuscitou-o dos mortos, constituindo-o Senhor e Cristo. Com Ele entrámos na salvação definitiva anunciada pelos profetas e quem invocar o seu nome será salvo (cf. Act 2, 17-24). Ao ouvir estas palavras de Pedro, muitos se sentiram pessoalmente interpelados, arrependeram-se dos próprios pecados e fizeram-se baptizar, recebendo o dom do Espírito Santo (cf. Act 2, 37-41).

Assim iniciou o caminho da Igreja, comunidade que transmite este anúncio no tempo e no espaço, comunidade que é o Povo de Deus fundado na nova aliança graças ao sangue de Cristo e cujos membros não pertencem a um particular grupo social ou étnico, mas são homens e mulheres provenientes de todas as nações e culturas. É um povo «católico», que fala línguas novas, universalmente aberto a acolher todos, além dos confins, abatendo todas as barreiras. Diz são Paulo: «Não há mais grego nem judeu, nem circunciso nem incircunciso, nem bárbaro nem cita, nem escravo nem livre, mas Cristo, que é tudo em todos» (Cl 3, 11).

Portanto, desde os primóridos a Igreja é o lugar da fé, da transmissão da fé, o lugar no qual, pelo Baptismo, nos imergimos no Mistério Pascal da Morte e da Ressurreição de Cristo, que nos liberta da prisão do pecado, nos doa a liberdade de filhos e nos introduz na comunhão com o Deus trinitário. Ao mesmo tempo, estamos imersos na comunhão com os outros irmãos e irmãs de fé, com o inteiro Corpo de Cristo, tirados do nosso isolamento. O Concílio Vaticano II recorda: «Deus quis salvar e santificar os homens não individualmente nem sem qualquer vínculo entre si, mas quis constituir com eles um povo, que O reconhecesse na verdade e O servisse fielmente» (Const. dogm. Lumen gentium, 9). Mencionando ainda a Liturgia do Baptismo vemos que na conclusão das promessas nas quais expressamos a renúncia ao mal e repetimos «creio» às verdades da fé, o celebrante declara: «Esta é a nossa fé, esta é a fé da Igreja que nos gloriamos de professar em Jesus Cristo nosso Senhor». A fé é virtude teologal, doada por Deus, mas transmitida pela Igreja ao longo da história. O próprio são Paulo, escrevendo aos Coríntios, afirma que lhes comunicou o Evangelho que por sua vez também ele tinha recebido (cf. 1 Cor 15, 3).

Há uma corrente ininterrupta de vida da Igreja, de anúncio da Palavra de Deus, de celebração dos Sacramentos, que chega até nós e à qual chamamos Tradição. Ela dá-nos a garantia de que cremos na mensagem originária de Cristo, transmitida pelos Apóstolos. O núcleo do anúncio primordial é o evento da Morte e Ressurreição do Senhor, do qual brota todo o património da fé. Diz o concílio: «A pregação apostólica, que está exposta de um modo especial nos livros inspirados, devia conservar-se até ao fim dos tempos, por uma sucessão contínua» (Const. dogm. Dei Verbum, 8). Deste modo, se a Sagrada Escritura contém a Palavra de Deus, a Tradição da Igreja a conserva-a e transmite-a fielmente, para que os homens de todas as épocas possam aceder aos seus imensos recursos e se enriqueçam com os seus tesouros de graça. Assim a Igreja «na sua doutrina, na sua vida e no seu culto transmite a todas as gerações tudo o que ela é, tudo o que ela acredita» (ibidem).

Enfim, gostaria de realçar que é na comunidade eclesial que a fé pessoal cresce e amadurece. É interessante observar como no Novo Testamento a palavra «santos» designa os cristãos no seu conjunto, mas certamente nem todos tinham as qualidades para ser declarados santos pela Igreja. Que se desejava então indicar com este termo? O facto de que os tinham e viviam a fé em Cristo ressuscitado foram chamados a tornar-se um ponto de referência para todos os outros, pondo-os assim em contacto com a Pessoa e com a Mensagem de Jesus, que revela a face do Deus vivo. E isto vale também para nós: um cristão que se deixa guiar e plasmar gradualmente pela fé da Igreja, não obstante as suas debilidades, os seus limites e dificuldades, torna-se como uma janela aberta à luz do Deus vivo, que recebe esta luz e a transmite ao mundo. O Beato João Paulo II na Encíclica Redemptoris missio afirmava que «a missão renova a Igreja, revigora a fé e a identidade cristã, dá-lhe novo entusiasmo e novas motivações. É dando a fé que ela se fortalece!» (n. 2).

Portanto, a tendência hoje difundida a relegar a fé na esfera do privado contradiz a sua própria natureza. Precisamos de uma Igreja para confirmar a nossa fé e fazer experiência dos dons de Deus: a sua Palavra, os Sacramentos, o apoio da graça e o testemunho do amor. Assim o nosso «eu» no «nós» da Igreja poderá sentir-se, ao mesmo tempo, destinatário e protagonista de um evento que o supera: a experiência da comunhão com Deus, que funda a comunhão entre os homens. Num mundo no qual o individualismo parece regular as relações entre as pessoas, tornando-as cada vez mais frágeis, a fé chama-nos a ser Povo de Deus, a ser Igreja, portadores do amor e da comunhão de Deus por todo o género humano (cf. Const. past. Gaudium et spes, 1). Obrigado pela atenção.







Ano da Fé - 4a. Catequese

                                O "Ano da Fé" nas Catequeses de Bento XVI
"O Desejo de Deus"
4a. Catequese - 07 de Novembro de 2012 

Na Catequese de hoje, a 4a. da série "Ano da fé", Bento XVI trata de um tema visto pelo Papa como "fascinante experiencia humana e cristã": O desejo de Deus".
E nos lembra que o Catecismo da Igreja Católica logo de início faz a seguinte consideração: "Desejar a Deus é um sentimento inscrito no coração do homem algo inscrito no coração do homem, porque o homem foi criado por Deus e para Deus. Deus não cessa de atrair o homem a Si e só em Deus é que o homem encontra a verdade e a felicidade que não se cansa de procurar" (n. 27).
Esta afirmação, numa sociedade secularizada, continua o Santo Padre, poderia parecer uma provocação, cuja resposta encontramos em sua primeira Encíclica: "Deus é Amor".
E nos lembra que nessa Encíclica procuraou analisar como dinamismo Diante da pergunta: o que na verdade pode saciar o desejo do homem, o Santo Padre responde citando sua primeira encíclica: "Deus é Amor".
Nessa encíclica, o Papa procura analisar como esse dinamismo se realiza na experiencia do amor humano.
Puricação e cura  do querer é uma exigência do próprio bem que se quer ao outro.

Abramos o coração para acolher com fé a palavra de Bento XVI.

XXXXX  -  XXXXX



Queridos irmãos e irmãs,
O caminho de reflexão que estamos a fazer juntos neste Ano da fé leva-nos hoje a meditar sobre um aspecto fascinante da experiência humana e cristã: o homem leva consigo um desejo misterioso de Deus. De uma forma significativa, o Catecismo da Igreja Católica inicia precisamente com a seguinte consideração: «Desejar a Deus é um sentimento inscrito no coração do homem, porque o homem foi criado por Deus e para Deus. Deus não cessa de atrair o homem a Si e só em Deus é que o homem encontra a verdade e a felicidade que não se cansa de procurar» (n. 27).

Esta afirmação, que também hoje em muitos contextos culturais parece ser totalmente partilhável, quase óbvia, poderia ao contrário parecer uma provocação no âmbito da cultura ocidental secularizada. Com efeito, muitos nossos contemporâneos poderiam objectar que não sentem minimamente tal desejo de Deus. Em amplos sectores da sociedade Ele já não é o esperado, o desejado, mas sim uma realidade que deixa indiferentes, face à qual nem sequer se deve fazer o esforço de se pronunciar. Na realidade, aquele que definimos «desejo de Deus» não desapareceu totalmente e apresenta-se ainda hoje, de muitas formas, ao coração do homem. O desejo humano tende sempre para determinados bens concretos, muitas vezes tudo menos que bens espirituais, e todavia encontra-se face à pergunta acerca do que é deveras «o» bem, e por conseguinte confronta-se com algo que é outra coisa e não é o eu, que o homem não pode construir, mas está chamado a reconhecer. O que pode deveras saciar o desejo do homem?

Na minha primeira encíclica, Deus caritas est, procurei analisar como este dinamismo se realiza na experiência do amor humano, experiência que na nossa época é mais facilmente sentida como momento de êxtase, de sair de si, como lugar no qual o homem sente que é atravessado por um desejo que o supera. Através do amor, o homem e a mulher experimentam de maneira nova, um graças ao outro, a grandeza e a beleza da vida e do real. Se o que experimento não é uma simples ilusão, se deveras quero o bem do outro como caminho também para o meu bem, então devo estar disposto a descentralizar-me, a pôr-me ao seu serviço, até à renúncia de mim mesmo. Por conseguinte, a resposta à questão acerca do sentido da experiência do amor passa através da purificação e da cura do querer, exigida pelo próprio bem que se quer ao outro. Devemos exercitar-nos, treinar-nos, até corrigir-nos, para que aquele bem possa deveras ser querido.

O êxtase inicial traduz-se assim em peregrinação, «êxodo permanente do eu fechado em si mesmo para a sua libertação no dom de si e, precisamente dessa forma, para o reencontro de si mesmo, mais ainda para a descoberta de Deus» (Enc. Deus caritas est, 6). Através deste caminho poderá progressivamente aprofundar-se para o homem o conhecimento daquele amor que inicialmente tinha experimentado. E assim vai-se delineando cada vez mais o mistério que ele representa: de facto, nem sequer a pessoa amada é capaz de saciar o desejo que se aninha no coração humano, aliás, quanto mais autêntico é o amor para o outro, tanto mais ele deixa abrir a interrogação acerca da sua origem e do seu destino, acerca da possibilidade que ele tem de durar para sempre. Por conseguinte, a experiência humana do amor tem em si um dinamismo que remete para além de si mesmo, é experiência de um bem que leva a sair de si e a encontrar-se diante do mistério que envolve toda a existência.

Poder-se-iam fazer também considerações análogas em relação a outras experiências humanas, tais como a amizade, a experiência do que é belo, o amor pelo conhecimento: cada bem experimentado pelo homem tende para o mistério que envolve o próprio homem; cada desejo que se apresenta ao coração humano faz-se eco de um desejo fundamental que nunca é plenamente saciado. Sem dúvida, deste desejo profundo, que esconde também algo de enigmático, não se pode chegar directamente à fé. O homem, em síntese, conhece bem o que não o sacia, mas não pode imaginar ou definir o que lhe faria experimentar aquela felicidade da qual leva no coração as saudades.

Não se pode conhecer Deus só a partir do desejo do homem. Sob este ponto de vista permanece o mistério: o homem é indagador do Absoluto, um indagador que dá passos pequenos e incertos. E contudo, já a experiência do desejo, do «coração inquieto» como lhe chamava santo Agostinho, é bastante significativa. Ela confirma-nos que o homem é, no profundo, um ser religioso (cf. Catecismo da Igreja Católica, 28), um «mendigo de Deus». Podemos dizer com as palavras de Pascal: «O homem supera infinitamente o homem» (Pensamentos, ed. Chevalier 438; ed. Brunschvicg 434). Os olhos reconhecem os objectos quando eles estão iluminados pela luz. Eis por que o desejo de conhecer a própria luz, que faz brilhar as coisas do mundo e com elas acende o sentido da beleza.

Por conseguinte devemos considerar que seja possível também na nossa época, aparentemente tão insensível à dimensão transcendente, abrir um caminho rumo ao autêntico sentido religioso da vida, que mostra como o dom da fé não é absurdo, não é irracional. Seria de grande utilidade, para este fim, promover uma espécie de pedagogia do desejo, quer para o caminho de quem ainda não crê, quer para quem já recebeu o dom da fé. Uma pedagogia que inclui pelo menos dois aspectos. Em primeiro lugar, aprender ou voltar a aprender o gosto pelas alegrias autênticas da vida. Nem todas as satisfações produzem em nós o mesmo efeito: algumas deixam uma marca positiva, são capazes de pacificar o ânimo, tornam-nos mais activos e generosos. Outras, ao contrário, depois da luz inicial, parecem desiludir as expectativas que tinham suscitado e por vezes deixam atrás de si amargura, insatisfação ou um sentido de vazio. Educar desde a tenra idade para saborear as alegrias verdadeiras, em todos os âmbitos da existência — a família, a amizade, a solidariedade com quem sofre, a renúncia ao próprio eu para servir o próximo, o amor ao conhecimento, à arte, às belezas da natureza — tudo isto significa exercer o gosto interior e produzir anticorpos eficazes contra a banalização e o nivelamento hoje difundidos. Também os adultos precisam de redescobrir estas alegrias, de desejar realidades autênticas, purificando-se da mediocridade na qual podem encontrar-se envolvidos. Tornar-se-á então mais fácil deixar cair ou rejeitar tudo o que, mesmo se é aparentemente atraente, ao contrário se revela insípido, fonte de enebriamento e não de liberdade. E isto fará sobressair aquele desejo de Deus do qual estamos a falar.

Um segundo aspecto, que caminha a par com o precedente, é nunca se contentar com aquilo que se alcançou. Precisamente as alegrias mais verdadeiras são capazes de libertar em nós aquela inquietação sadia que leva a ser mais exigentes — querer um bem maior, mais profundo — e ao mesmo tempo sentir com clareza cada vez maior que nada de finito pode colmar o nosso coração. Assim aprenderemos a tender, desarmados, para aquele bem que não podemos construir ou obter com as nossas forças; a não nos deixarmos desencorajar pela fadiga ou pelos obstáculos que provêm do nosso pecado.

A este propósito não devemos esquecer contudo que o dinamismo do desejo está sempre aberto à redenção. Também quando ele se adentra por caminhos desviados, quando persegue paraísos artificiais e parece perder a capacidade de ansiar pelo bem verdadeiro. Também no abismo do pecado não se apaga no homem aquela centelha que lhe permite reconhecer o verdadeiro bem, saboreá-lo, e assim iniciar um percurso de subida, no qual Deus, com o dom da sua graça, nunca deixa faltar a sua ajuda. De resto, todos temos necessidade de percorrer um caminho de purificação e de cura do desejo. Somos peregrinos rumo à pátria celeste, rumo àquele bem pleno, eterno, que nada jamais nos poderá extirpar. Por conseguinte, não se trata de sufocar o desejo que se encontra no coração do homem, mas de o libertar, para que possa alcançar a sua verdadeira altura. Quando no desejo se abre a janela em direcção a Deus, isto já é sinal da presença da fé no ânimo, fé que é uma graça de Deus. Sempre santo Agostinho afirmava: «Com a expectativa, Deus alarga o nosso desejo, com o desejo alarga o ânimo e dilatando-o torna-o mais capaz» (Comentário à Primeira carta de João, 4, 6; pl 35, 2009).

Nesta peregrinação, sintamo-nos irmãos de todos os homens, companheiros de viagem também de quantos não crêem, de quem está à procura, de quem se deixa interrogar com sinceridade pelo dinamismo do próprio desejo de verdade e de bem. Rezemos, neste Ano da fé, para que Deus mostre o seu rosto a quantos o procuram com coração sincero. Obrigado.



sábado, 10 de novembro de 2012

Catequese de Bento XVI 24/10/12

"Ano da Fé"
2a. Catequese do Santo Padre, Bento XVI
24 de Outubro de 2012


Nesta Catequese, dando continuidade à uma nova série, Bento XVI desenvolve o tema da fé, que é uma questão fundamental.
Nesta reflexão o Santo Padre questiona se: "num mundo em que a ciência e a têcnica abriram horizontes até há pouco tempo impensáveis, o que significa hoje CRER?"
Com peculiar lucidez e objetividade, passando pelos sinais de tanta coisa boa em meio a um certo "deserto espiritual", somos conduzidos à fonte da verdade única tanto para a Fé como para a ciência e a técnica: DEUS em JESUS CRISTO pelo Espírito Santo.


Queridos irmãos e irmãs,

Na quarta-feira passada, com o início do Ano da fé, dei início a uma nova série de catequeses sobre a fé. E hoje gostaria de meditar convosco sobre uma questão fundamental: o que é a fé? Ainda tem sentido a fé, num mundo em que ciência e técnica abriram horizontes até há pouco tempo impensáveis? O que significa crer hoje? Com efeito, no nosso tempo é necessária uma renovada educação para a fé, que inclua sem dúvida um conhecimento das suas verdades e dos acontecimentos da salvação, mas sobretudo que nasça de um encontro verdadeiro com Deus em Jesus Cristo, do amá-lo, do ter confiança nele, de modo que a vida inteira seja envolvida por Ele.

Hoje, juntamente com tantos sinais de bem, aumenta ao nosso redor um certo deserto espiritual. Às vezes tem-se como que a sensação, a partir de certos acontecimentos dos quais recebemos notícias todos os dias, que o mundo não caminha rumo à construção de uma comunidade mais fraterna e mais pacífica; as próprias ideias de progresso e de bem-estar mostram também as suas sombras. Não obstante a grandeza das descobertas da ciência e dos êxitos da técnica, hoje o homem não parece ter-se tornado verdadeiramente mais livre, mais humano; subsistem muitas formas de exploração, de manipulação, de violência, de prepotência, de injustiça... Além disso, um certo tipo de cultura educou a mover-se só no horizonte das coisas, do realizável, a acreditar unicamente naquilo que se vê e se toca com as próprias mãos. Mas por outro lado, aumenta também o número daqueles que se sentem desorientados e, na tentativa de ir além de uma visão apenas horizontal da realidade, estão dispostos a crer em tudo e no seu contrário.

Neste contexto sobressaem algumas interrogações fundamentais, que são muito mais concretas do que parecem à primeira vista: que sentido tem viver? Há um futuro para o homem, para nós e para as novas gerações? Para que rumo orientar as opções da nossa liberdade, para um êxito bom e feliz da vida? O que nos espera além do limiar da morte?

Destas interrogações insuprimíveis sobressai que o mundo da planificação, do cálculo exacto e da experimentação, em síntese o saber da ciência, embora seja importante para a vida do homem, sozinho não é suficiente.

Temos necessidade não só do pão material, mas precisamos de amor, de significado e de esperança, de um fundamento seguro, de um terreno sólido que nos ajude a viver com um sentido autêntico também na crise, nas obscuridades, nas dificuldades e nos problemas quotidianos.

A fé oferece-nos precisamente isto: é um entregar-se confiante a um «Tu», que é Deus, o qual me confere uma certeza diversa, mas não menos sólida do que aquela que me deriva do cálculo exacto ou da ciência. A fé não é simples assentimento intelectual do homem a verdades particulares sobre Deus; é um gesto mediante o qual me confio livremente a um Deus que é Pai e que me ama; é adesão a um «Tu» que me dá esperança e confiança.

Sem dúvida, esta adesão a Deus não está isenta de conteúdos: com ela estamos conscientes de que o próprio Deus nos é indicado em Cristo, mostrou o seu rosto e fez-se realmente próximo de cada um de nós. Aliás, Deus revelou que o seu amor pelo homem, por cada um de nós, é incomensurável: na Cruz, Jesus de Nazaré, o Filho de Deus que se fez homem, mostra-nos do modo mais luminoso até que ponto chega este amor, até ao dom de si mesmo, até ao sacrifício total. Com o mistério da Morte e Ressurreição de Cristo, Deus desce até ao fundo na nossa humanidade, para lha restituir, para a elevar à sua altura.

A fé é crer neste amor de Deus que não diminui diante da maldade do homem, perante o mal e a morte, mas é capaz de transformar todas as formas de escravidão, oferecendo a possibilidade da salvação. Então, ter fé é encontrar este «Tu», Deus, que me sustém e me faz a promessa de um amor indestrutível, que não só aspira à eternidade, mas também a concede; é confiar-me a Deus com a atitude da criança, a qual sabe bem que todas as suas dificuldades, todos os seus problemas estão salvaguardados no «tu» da mãe. E esta possibilidade de salvação através da fé é um dom que Deus oferece a todos os homens.

Penso que deveríamos meditar mais frequentemente — na nossa vida quotidiana, caracterizada por problemas e situações por vezes dramáticas — sobre o facto de que crer cristãmente significa este abandonar-se com confiança ao sentido profundo que me sustém, a mim e ao mundo, àquele sentido que não somos capazes de nos darmos a nós mesmos, mas só de receber como dádiva, e que é o fundamento sobre o qual podemos viver sem temor. Temos que ser capazes de anunciar com a palavra e de mostrar com a nossa vida cristã esta certeza libertadora e tranquilizadora da fé.

Contudo, ao nosso redor vemos todos os dias que muitos permanecem indiferentes, ou rejeitam aceitar este anúncio. No final do Evangelho de Marcos, hoje temos palavras duras do Ressuscitado, que diz: «Quem crer e for baptizado será salvo, mas quem não crer será condenado» (Mc 16, 16), perder-se-á a si mesmo. Gostaria de vos convidar a meditar sobre isto.

A confiança na acção do Espírito Santo deve impelir-nos sempre a ir e anunciar o Evangelho, ao testemunho corajoso da fé; mas para além da possibilidade de uma resposta positiva ao dom da fé há inclusive o risco da rejeição do Evangelho, do não-acolhimento do encontro vital com Cristo. Já santo Agostinho apresentava este problema num seu comentário à parábola do semeador: «Nós falamos — dizia — lançamos a semente, espalhamos a semente. Há aqueles que desprezam, aqueles que repreendem, aqueles que zombam. Se os tememos, não teremos mais nada para semear, e no dia da ceifa permaneceremos sem colheita. Por isso, venha a semente da terra boa» (Discursos sobre a disciplina cristã, 13, 14: pl 40, 677-678).

Portanto, a rejeição não nos pode desencorajar. Como cristãos, somos testemunhas deste terreno fértil: apesar dos nossos limites, a nossa fé demonstra que existe a terra boa, onde a semente da Palavra de Deus produz frutos abundantes de justiça, de paz e de amor, de uma nova humanidade, de salvação. E toda a história da Igreja, com todos os problemas, demonstra também que existe a terra boa, que existe a semente boa, e dá fruto.

Mas perguntemo-nos: de onde haure o homem aquela abertura do coração e da mente, para acreditar no Deus que se tornou visível em Jesus Cristo, morto e ressuscitado, para acolher a sua salvação, de tal modo que Ele e o seu Evangelho sejam guia e luz da existência? Resposta: nós podemos crer em Deus, porque Ele se aproxima de nós e nos toca, porque o Espírito Santo, dom do Ressuscitado, nos torna capazes de acolher o Deus vivo. Então, a fé é antes de tudo uma dádiva sobrenatural, um dom de Deus.

O Concílio Vaticano II afirma: «Para prestar esta adesão da fé, são necessários a prévia e concomitante ajuda da graça divina e os interiores auxílios do Espírito Santo, o qual move e converte a Deus o coração, abre os olhos do entendimento, e dá “a todos a suavidade em aceitar e crer na verdade”» (Constituição dogmática Dei Verbum, 5). Na base do nosso caminho de fé está o Baptismo, o sacramento que nos confere o Espírito Santo, tornando-nos filhos de Deus em Cristo, e marca a entrada na comunidade da fé, na Igreja: não cremos por nós mesmos, sem a prevenção da graça do Espírito; e não cremos sozinhos, mas juntamente com os irmãos. Do Baptismo em diante, cada crente é chamado a reviver e fazer sua esta profissão de fé, com os irmãos.

A fé é dom de Deus, mas é também acto profundamente livre e humano. O Catecismo da Igreja Católica afirma-o claramente: «O acto de fé só é possível pela graça e pelos auxílios interiores do Espírito Santo. Mas não é menos verdade que crer é um acto autenticamente humano. Não é contrário nem à liberdade nem à inteligência do homem» (n. 154). Aliás, envolve-as e exalta-as, numa aposta de vida que é como que um êxodo, ou seja um sair de nós mesmos, das nossas seguranças, dos nossos esquemas mentais, para nos confiarmos à acção de Deus que nos indica o seu caminho para alcançar a liberdade verdadeira, a nossa identidade humana, a alegria do coração, a paz com todos.

Crer é confiar-se com toda a liberdade e com alegria ao desígnio providencial de Deus sobre a história, como fez o patriarca Abraão, como fez Maria de Nazaré. Então, a fé é um assentimento com que a nossa mente e o nosso coração dizem o seu «sim» a Deus, professando que Jesus é o Senhor. E este «sim» transforma a vida, abre-lhe o caminho rumo a uma plenitude de significado, tornando-a assim nova, rica de júbilo e de esperança confiável.

Caros amigos, o nosso tempo exige cristãos que tenham sido arrebatados por Cristo, que cresçam na fé graças à familiaridade com a Sagrada Escritura e com os Sacramentos. Pessoas que sejam quase um livro aberto que narra a experiência da vida nova no Espírito, a presença daquele Deus que nos sustém no caminho e nos abre para a vida que nunca mais terá fim. Obrigado!