O PRIMEIRO MANDAMENTO E A RELIGIÃO
“Adorarás o Senhor teu Deus e só a ele servirás” (Mateus 4,10; cfr. Deuteronômio 6,13;) foi a resposta que Jesus deu ao Diabo que o tentava, dizendo: “Dar-te-ei tudo isto (os reinos do mundo), se, prostrando-te diante de mim, me adorares” (Mateus 4,9).
Só há um Deus e só a Ele devemos adorar. É pela religião que traduzimos em atos nosso culto ao único Deus. Estes são os principais:
• adoração: consiste em reconhecer a Deus – por meio de pensamentos, afetos e outras atitudes interiores e exteriores – como nosso Criador, Pai e Salvador, Senhor de tudo o que existe, Amor infinito e misericordioso.
• oração: exprime a Deus nosso louvor, nossa ação de graças, nossos pedidos de ajuda e nosso arrependimento pelos pecados;
• sacrifício: tem como finalidade expressar a Deus nosso louvor, nossa submissão, nossa humildade, nosso pedido de perdão. O sacrifício perfeito foi o do amor de Cristo na cruz; nossos sacrifícios se unem ao dele para adorar ao Pai;
• promessas e votos: são formas diversificadas de nos comprometermos com Deus a realizar esta ou aquela obra de bem.
A religião deve ter também dimensões públicas, pois, além de pertencermos a Deus enquanto pessoas, nós Lhe pertencemos também enquanto comunidade, dado que o ser humano é um ser social.
Aqui convém responder à seguinte questão: por que há tantas religiões diferentes? Serão todas iguais? Tanto faz uma como a outra? Não! As religiões variam porque nem todos têm o mesmo conceito de Deus e do ser humano: variando esse conceito, varia também a religião praticada.
A verdadeira religião foi revelada pelo próprio Deus ao povo de Israel e, em seguida, aperfeiçoada por Jesus. Daqui resulta que todo o seguidor de Cristo tem o dever de ser missionário, isto é, de anunciar o verdadeiro Deus, seu Filho Jesus Cristo e sua Igreja, que continua no mundo a missão de evangelizar.
No trabalho missionário, é preciso sempre respeitar a liberdade de consciência das pessoas. Embora nem todas as religiões sejam “verdadeiras”, ocorre que muitas pessoas, sem culpa própria, ignoram a Palavra de Deus e, portanto, vivem serenamente sua religião, de boa fé.
Todavia, a liberdade religiosa não pode significar desinteresse pelo assunto religioso, pela existência ou não de Deus; particularmente se isso ocorresse porque a pessoa quer “ficar à vontade” e, assim, poder se entregar a quaisquer atitudes sem remorsos de consciência: isso não seria liberdade, seria libertinagem. Pelo contrário, todos têm a obrigação grave de formar a própria consciência, informando-se, na medida do seu possível, a respeito da verdade de Deus, de Cristo e de sua Igreja.
Voltando à questão de um único Deus: se é assim, logicamente não existem outros deuses! Disse Deus a seu povo: “Não terás outros deuses além de mim” (Êxodo 20,3; cf. Deuteronômio 5, 7). Apesar disso, muitos membros do povo escolhido praticaram a idolatria, como hoje também muitos a praticam. A única diferença é que os falsos deuses modernos têm outros nomes: orgulho, poder, egoísmo, sexo, dinheiro...
Adorar outros deuses chama-se “idolatria”. Ela pode ocorrer de diversas formas. É sempre pecado e, portanto, ofensa a Deus. Estas são algumas delas:
• idolatria em sentido estrito: consiste em divinizar o que não é Deus, negar o senhorio exclusivo de Deus sobre tudo o que existe e, por consequência, prestar culto a alguma criatura fabricada pelo ser humano ou já existente; também é idolatria dar importância absoluta a certas coisas ou atitudes, como o poder, o dinheiro, a raça, o Estado;
• superstição: é o desvio do sentimento religioso e das práticas com que ele se exprime; por exemplo, atribuir forças mágicas a certos ritos e orações por crer que dispõem de eficácia independentemente das disposições interiores;
• adivinhação e pela magia ou feitiçaria: a adivinhação consiste em recorrer ao diabo, aos mortos ou a outras criaturas a fim de descobrir o futuro; a magia ou feitiçaria pretende dominar os poderes sobrenaturais para colocá-los ao próprio serviço e conseguir objetivos divinos. Essas práticas revelam falta de confiança em Deus, que disse a seu povo Israel: “Não haja em teu meio... quem consulte adivinhos, ou observe sonhos ou agouros, nem quem use feitiçaria; nem quem recorra à magia, consulte oráculos, interrogue espíritos ou evoque mortos. Pois o Senhor abomina quem se entrega a tais práticas” (Deuteronômio 18,10-12). Estas palavras são também a condenação para certas práticas do espiritismo.
• irreligião: é a falta total de respeito para com Deus, pondo-o à prova a fim de conferir seu poder ou sua bondade ou qualquer um de seus atributos: “Não tenteis o Senhor vosso Deus (Deuteronômio 6,16);
• sacrilégio: consiste em profanar ou tratar indignamente tudo o que se refere ao culto de Deus, sejam pessoas, coisas ou lugares consagrados, sejam ações litúrgicas, sobretudo sacramentos;
• simonia: consiste em vender ou comprar coisas e ações sagradas ou realidades espirituais;
• ateísmo: é a atitude de quem nega a Deus ou vive como se ele não existisse e valoriza unicamente as coisas materiais fazendo do ser humano fim em si mesmo;
• agnosticismo: afirma a impossibilidade de provar a existência de Deus ou pensar que, mesmo se ele existir, não pode se revelar a nós e nós nada podemos dizer sobre ele.
Uma questão final: falando em ídolos, como fica a questão das imagens? Deus disse ao povo escolhido: “Guardai-vos bem de corromper-vos, fazendo figuras de ídolos de qualquer tipo, imagens de homem ou de mulher, imagens de animais... Nem levanteis os olhos até o céu para ver o sol, a lua, as estrelas com todo o exército do céu, deixando-vos seduzir, adorando-os e prestando-lhes culto” (Deuteronômio 4,16-19).
Com essa ordem, Deus procura evitar que seu povo Israel caia nessa tentação. Portanto, não se trata de proibir fazer imagens em si; a proibição condena fazer imagens com a finalidade de adorá-las como ídolos. Por incrível que pareça, o mesmo Deus mandou fazer algumas imagens! Por exemplo: a serpente de bronze, a Arca da Aliança, os querubins que estavam sobre ela... O próprio Jesus aludiu à serpente de bronze: ao contrário de condená-la, tornou-a símbolo de sua própria elevação sobre a cruz: “Como Moisés levantou a serpente no deserto, assim também será levantado o Filho do Homem, a fim de que todo aquele que nele crer tenha a vida eterna” (João 15,14).
A Igreja sempre aprovou que se fizessem imagens, nunca, porém, a fim de serem adoradas; venerá-las não é nenhum erro ou pecado. As imagens são como símbolos ou “fotografias” que nos ajudam a trazer à memória esta ou aquela pessoa santa que queremos lembrar ou a quem queremos recorrer. Pecado seria adorá-las em sentido estrito, atitude que só a Deus é devida.
NB - Este texto foi aqui reproduzibo com a devida autorização de seu Autor:
Dom Hilário Moser, SDB
Biapo Emerito de Tubarão, SC
“Adorarás o Senhor teu Deus e só a ele servirás” (Mateus 4,10; cfr. Deuteronômio 6,13;) foi a resposta que Jesus deu ao Diabo que o tentava, dizendo: “Dar-te-ei tudo isto (os reinos do mundo), se, prostrando-te diante de mim, me adorares” (Mateus 4,9).
Só há um Deus e só a Ele devemos adorar. É pela religião que traduzimos em atos nosso culto ao único Deus. Estes são os principais:
• adoração: consiste em reconhecer a Deus – por meio de pensamentos, afetos e outras atitudes interiores e exteriores – como nosso Criador, Pai e Salvador, Senhor de tudo o que existe, Amor infinito e misericordioso.
• oração: exprime a Deus nosso louvor, nossa ação de graças, nossos pedidos de ajuda e nosso arrependimento pelos pecados;
• sacrifício: tem como finalidade expressar a Deus nosso louvor, nossa submissão, nossa humildade, nosso pedido de perdão. O sacrifício perfeito foi o do amor de Cristo na cruz; nossos sacrifícios se unem ao dele para adorar ao Pai;
• promessas e votos: são formas diversificadas de nos comprometermos com Deus a realizar esta ou aquela obra de bem.
A religião deve ter também dimensões públicas, pois, além de pertencermos a Deus enquanto pessoas, nós Lhe pertencemos também enquanto comunidade, dado que o ser humano é um ser social.
Aqui convém responder à seguinte questão: por que há tantas religiões diferentes? Serão todas iguais? Tanto faz uma como a outra? Não! As religiões variam porque nem todos têm o mesmo conceito de Deus e do ser humano: variando esse conceito, varia também a religião praticada.
A verdadeira religião foi revelada pelo próprio Deus ao povo de Israel e, em seguida, aperfeiçoada por Jesus. Daqui resulta que todo o seguidor de Cristo tem o dever de ser missionário, isto é, de anunciar o verdadeiro Deus, seu Filho Jesus Cristo e sua Igreja, que continua no mundo a missão de evangelizar.
No trabalho missionário, é preciso sempre respeitar a liberdade de consciência das pessoas. Embora nem todas as religiões sejam “verdadeiras”, ocorre que muitas pessoas, sem culpa própria, ignoram a Palavra de Deus e, portanto, vivem serenamente sua religião, de boa fé.
Todavia, a liberdade religiosa não pode significar desinteresse pelo assunto religioso, pela existência ou não de Deus; particularmente se isso ocorresse porque a pessoa quer “ficar à vontade” e, assim, poder se entregar a quaisquer atitudes sem remorsos de consciência: isso não seria liberdade, seria libertinagem. Pelo contrário, todos têm a obrigação grave de formar a própria consciência, informando-se, na medida do seu possível, a respeito da verdade de Deus, de Cristo e de sua Igreja.
Voltando à questão de um único Deus: se é assim, logicamente não existem outros deuses! Disse Deus a seu povo: “Não terás outros deuses além de mim” (Êxodo 20,3; cf. Deuteronômio 5, 7). Apesar disso, muitos membros do povo escolhido praticaram a idolatria, como hoje também muitos a praticam. A única diferença é que os falsos deuses modernos têm outros nomes: orgulho, poder, egoísmo, sexo, dinheiro...
Adorar outros deuses chama-se “idolatria”. Ela pode ocorrer de diversas formas. É sempre pecado e, portanto, ofensa a Deus. Estas são algumas delas:
• idolatria em sentido estrito: consiste em divinizar o que não é Deus, negar o senhorio exclusivo de Deus sobre tudo o que existe e, por consequência, prestar culto a alguma criatura fabricada pelo ser humano ou já existente; também é idolatria dar importância absoluta a certas coisas ou atitudes, como o poder, o dinheiro, a raça, o Estado;
• superstição: é o desvio do sentimento religioso e das práticas com que ele se exprime; por exemplo, atribuir forças mágicas a certos ritos e orações por crer que dispõem de eficácia independentemente das disposições interiores;
• adivinhação e pela magia ou feitiçaria: a adivinhação consiste em recorrer ao diabo, aos mortos ou a outras criaturas a fim de descobrir o futuro; a magia ou feitiçaria pretende dominar os poderes sobrenaturais para colocá-los ao próprio serviço e conseguir objetivos divinos. Essas práticas revelam falta de confiança em Deus, que disse a seu povo Israel: “Não haja em teu meio... quem consulte adivinhos, ou observe sonhos ou agouros, nem quem use feitiçaria; nem quem recorra à magia, consulte oráculos, interrogue espíritos ou evoque mortos. Pois o Senhor abomina quem se entrega a tais práticas” (Deuteronômio 18,10-12). Estas palavras são também a condenação para certas práticas do espiritismo.
• irreligião: é a falta total de respeito para com Deus, pondo-o à prova a fim de conferir seu poder ou sua bondade ou qualquer um de seus atributos: “Não tenteis o Senhor vosso Deus (Deuteronômio 6,16);
• sacrilégio: consiste em profanar ou tratar indignamente tudo o que se refere ao culto de Deus, sejam pessoas, coisas ou lugares consagrados, sejam ações litúrgicas, sobretudo sacramentos;
• simonia: consiste em vender ou comprar coisas e ações sagradas ou realidades espirituais;
• ateísmo: é a atitude de quem nega a Deus ou vive como se ele não existisse e valoriza unicamente as coisas materiais fazendo do ser humano fim em si mesmo;
• agnosticismo: afirma a impossibilidade de provar a existência de Deus ou pensar que, mesmo se ele existir, não pode se revelar a nós e nós nada podemos dizer sobre ele.
Uma questão final: falando em ídolos, como fica a questão das imagens? Deus disse ao povo escolhido: “Guardai-vos bem de corromper-vos, fazendo figuras de ídolos de qualquer tipo, imagens de homem ou de mulher, imagens de animais... Nem levanteis os olhos até o céu para ver o sol, a lua, as estrelas com todo o exército do céu, deixando-vos seduzir, adorando-os e prestando-lhes culto” (Deuteronômio 4,16-19).
Com essa ordem, Deus procura evitar que seu povo Israel caia nessa tentação. Portanto, não se trata de proibir fazer imagens em si; a proibição condena fazer imagens com a finalidade de adorá-las como ídolos. Por incrível que pareça, o mesmo Deus mandou fazer algumas imagens! Por exemplo: a serpente de bronze, a Arca da Aliança, os querubins que estavam sobre ela... O próprio Jesus aludiu à serpente de bronze: ao contrário de condená-la, tornou-a símbolo de sua própria elevação sobre a cruz: “Como Moisés levantou a serpente no deserto, assim também será levantado o Filho do Homem, a fim de que todo aquele que nele crer tenha a vida eterna” (João 15,14).
A Igreja sempre aprovou que se fizessem imagens, nunca, porém, a fim de serem adoradas; venerá-las não é nenhum erro ou pecado. As imagens são como símbolos ou “fotografias” que nos ajudam a trazer à memória esta ou aquela pessoa santa que queremos lembrar ou a quem queremos recorrer. Pecado seria adorá-las em sentido estrito, atitude que só a Deus é devida.
NB - Este texto foi aqui reproduzibo com a devida autorização de seu Autor:
Dom Hilário Moser, SDB
Biapo Emerito de Tubarão, SC