quinta-feira, 20 de setembro de 2012



OS MANDAMENTOS DA LEI DE DEUS: CONCLUSÃO


Encerro hoje esta longa catequese sobre os Mandamentos da Lei de Deus. Faço-o com as palavras do Papa Bento XVI no dia 19 de março de 2006, na homilia da Missa do Terceiro Domingo da Quaresma e logo em seguida, ao meio-dia, após a oração do “Anjo do Senhor” (o relevo em negrito é meu):

Na homilia da Missa: “Ouvimos juntos uma página do Livro do Êxodo, aquela na qual o autor sagrado relata a entrega a Israel do Decálogo da parte de Deus. Um detalhe impacta imediatamente: a enunciação dos mandamentos está introduzida por uma significativa referência à libertação do povo de Israel. Diz o texto: “Eu sou o Senhor teu Deus, que te tirou do país do Egito, da casa da escravidão” (Êxodo 20, 2).

O Decálogo, portanto, quer ser uma confirmação da liberdade conquistada. Com efeito, os mandamentos, se são vistos em profundidade, são o meio que o Senhor nos dá para defender a nossa liberdade tanto dos condicionamentos internos das paixões como dos abusos externos dos mal intencionados. Os “não” dos mandamentos são outros tantos “sim” ao crescimento de uma autêntica liberdade.

Há uma segunda dimensão no Decálogo que também convém sublinhar: mediante a Lei dada pela mão de Moisés, o Senhor revela que quer fechar com Israel um pacto de aliança. A lei, portanto, mais que uma imposição, é um dom; mais que mandar o que o homem deve fazer, ela quer manifestar a todos a eleição de Deus. Deus está da parte do povo eleito; libertou-o da escravidão e o rodeia com sua bondade misericordiosa. O Decálogo é testemunho de um amor de predileção.”

Após a oração do “Anjo do Senhor” o Papa disse: “O homem moderno não compreende os mandamentos; toma-os por proibições arbitrárias de Deus, por limites postos à sua liberdade. Mas os mandamentos de Deus são uma manifestação de seu amor e de sua solicitude paterna pelo homem. «Cuida de praticar do que te fará feliz” (Deuteronômio 6,3; 30,15s): este, e não outro, é o objetivo dos mandamentos.

Em algumas passagens perigosas do caminho que leva ao Monte Sinai, onde os dez mandamentos foram dados por Deus, para evitar que algum distraído ou inexperiente saia do caminho e se precipite ao vazio, colocaram-se sinais de perigo, alertas, ou se criaram barreiras. O objetivo dos mandamentos não é diferente disso. Nós mesmos vemos o que se passa na sociedade quando se pisoteiam sistematicamente certos mandamentos, como o de não matar ou não roubar...”

Pense nestas palavras do Papa e reavalie seu modo de ver os Mandamentos da Lei de Deus. E que seja de Jesus a última palavra: “Quem acolhe e observa os meus mandamentos, esse me ama. Ora, quem me ama será amado por meu Pai, e eu o amarei e me manifestarei a ele” (João 14,21). Não poderia haver recompensa maior para quem procura ser fiel à vontade de Deus.

PS O texto acima tem como autor Dom Hilario Moser,sdb, Bispo Emérito de Tubarão, SC e é aqui transcrito com sua autorização.




DÉCIMO MANDAMENTO: NÃO COBIÇAR AS COISAS ALHEIAS




Este mandamento é um complemento e, de certa forma, a repetição do nono, que manda não desejar a esposa (igualmente o esposo!) de outrem, aliás, coisa muito comum hoje: o famoso assédio sexual. Diz a Bíblia: “Não cobiçarás a casa do teu próximo. Não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem seu escravo, nem sua escrava, nem seu boi, nem seu jumento, nem coisa alguma do que lhe pertença” (Êxodo 20,17).

São Tiago diz que toda forma de cobiça nasce do coração. A cobiça dos bens alheios está na raiz do roubo, da rapina, da fraude, enfim, de tudo o que o sétimo mandamento condena. A “concupiscência dos olhos” (1 João 2,16) está na raiz da violência e da injustiça, condenadas pelo quinto mandamento. A cobiça é uma forma de idolatria, vê o bem desejado como uma espécie de deus; o mesmo se dá com a fornicação e a própria idolatria, proibidas pelos três primeiros mandamentos.

Em resumo, o décimo mandamento, junto com o nono, zela pela pureza integral do coração e resume todos os mandamentos da Lei. Por que? Porque só um coração puro e reto ama a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.

Por isso, o décimo mandamento proíbe uma série de atitudes negativas. Nossos apetites em si são indiferentes. Quando, porém, passam da medida, nos levam a cobiçar o que não nos pertence ou a ter desejos imoderados. Por isso, o décimo mandamento proíbe particularmente:

A avidez, que consiste no desejo exagerado de apropriar-se dos bens terrenos.

A cupidez ou cobiça, que consiste numa paixão desmedida pela posse de riquezas e de poder, e que leva as pessoas a nunca se saciarem de coisas: “Quem ama o dinheiro, dele não se fartará” (Eclesiastes 5,9). E São Paulo acrescenta: “Na verdade, a raíz de todos os males é o amor ao dinheiro” (1 Timóteo 6,10). Esta é a grande tentação daqueles que, contanto que tenham elevados lucros, até anseiam por situações de miséria e sofrimento a fim de poder explorá-las.

A inveja, que consiste na tristeza que se sente diante do bem dos outros e do forte desejo que se tem de apropriar-se dele. Quando se deseja um mal grave, é pecado grave. Lembremos aqui a história de Davi, que se deixou levar pela inveja e se apropriou da mulher de Urias, e como Deus o castigou: veja o episódio em 2 Samuel 11-12. Foi a inveja que levou o diabo a tentar nossos primeiros pais, como também foi por inveja que Caim matou Abel... Santo Agostinho diz que a inveja é “o pecado diabólico por excelência”. E São Gregório Magno afirma que “da inveja nascem o ódio, a maledicência, a calúnia, a alegria causada pela desgraça do próximo e o desprazer causado por sua prosperidade”. A inveja é um dos sete vícios capitais.

Como reação às nossas más inclinações, devemos alimentar bons desejos em nosso coração. Diz São Paulo: “Como homem interior, ponho toda a minha satisfação na Lei de Deus; mas sinto em meus membros outra lei, que luta contra a lei de minha mente e me aprisiona na lei do pecado, que está nos meus membros” (Romanos 7,22-23). Esta é a situação de todos nós, este é o conflito que todos nós devemos enfrentar.

Como? São Paulo pergunta e ele mesmo responde: “Quem me libertará deste corpo de morte? Graças sejam dadas a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor” (Romanos 7,24-25). E Jesus, com sua morte, pregou na cruz todo pecado, convidando-nos a fazer o mesmo, como diz ainda São Paulo: “Os que pertencem a Jesus Cristo crucificaram a carne com suas paixões e seus desejos” (Gálatas 5,24).

Além de Cristo morrer na cruz para nos livrar do pecado, o próprio São Paulo acrescenta ao texto apenas citado: “Se vivemos pelo Espírito, procedamos também de acordo com o Espírito” (Gálatas 5,25). Portanto, o Espírito Santo é nosso grande defensor contra o mal e aquele que alimenta em nós os desejos do bem.

Como dar lugar no coração aos desejos do bem? Esvaziando o próprio coração. Jesus proclamou: “Felizes os pobres no espírito, porque deles é o Reino dos Céus” (Mateus 5,3). Disse também: “Qualquer um de vós, se não renunciar a tudo o que tem, não pode ser meu discípulo” (Lucas 14,33). A pobreza segundo Evangelho é condição indispensável para ter o coração livre e possuir o Reino. Só um coração livre das coisas terrenas pode ser guiado pelo Espírito Santo.

O uso dos bens terrenos é lícito e necessário, mas é preciso cuidar para que ele não sufoque o coração por desejos desmedidos. É bom lembrar que cada Bem-aventurança, na redação de São Lucas, vem acompanhada por uma correspondente maldição: “Ai de vós, ricos, porque já tendes vossa consolação! Ai de vós que agora estais fartos, porque passareis fome!” (Lucas 6,24-25). Por isso, é fundamental o abandono nas mãos da Providência do Pai: leia o belo texto de Mateus 6,25-34.

O único que pode saciar o coração humano é Deus. No início de seu famoso livros “Confissões”, Santo Agostinho diz de forma muito apropriada e bela: “O nosso coração, Senhor, foi feito para ti e ele está inquieto enquanto não repousar em ti”. Só Deus pode saciar a sede de nosso coração de possuir o mais possível, isto é, a felicidade perfeita. Na Bíblia, ver é possuir. Assim, o maior desejo que podemos alimentar em nosso coração é o de ver a Deus.

Por isso, terminemos com esta belíssima passagem de Santo Agostinho: “Aí (no céu) haverá a verdadeira glória; ninguém será louvado então por engano ou bajulação; as verdadeiras honras não serão recusadas àqueles que as merecem, nem concedidas aos indignos; aliás, nenhum indigno terá tal pretensão, pois só quem é digno será admitido. Aí reinará a verdadeira paz, onde ninguém será sujeito à oposição nem de si mesmo nem dos outros. Da virtude, o próprio Deus será a recompensa, Ele que deu a virtude e se prometeu a si mesmo como a recompensa (para ela) melhor e maior que possa existir: "Eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo" (Levítico 26,12). É também o sentido das palavras do Apóstolo: "Para que Deus seja tudo em todos" (1 Coríntios 15,12). Ele mesmo será o fim de nossos desejos, aquele que contemplaremos sem fim, amaremos sem sociedade, louvaremos sem cansaço. E esse dom, essa afeição, essa ocupação serão certamente como a vida eterna, comuns a todos”.

PS O texto acima tem como autor Dom Hilario Moser,sdb, Bispo Emérito de Tubarão, SC e é aqui transcrito com sua autorização.




NONO MANDAMENTO: NÃO DESEJAR A MULHER DO PRÓXIMO


Na verdade, a formulação atual deste mandamento pode parecer restrita ao homem com relação à mulher alheia. Mas não é assim: o que ele de fato quer inculcar é que nosso amor a Deus e ao próximo nos deve levar a evitar toda forma de a concupiscência carnal.

Em outras palavras, ele se refere a toda forma de maus pensamentos e desejos carnais. Sabemos como somos fracos no campo da carne e como nossa mente e nosso coração são vítimas fáceis de imaginações não condizentes com a pureza do amor. Entendemos melhor, então, o nono mandamento ao lembrarmos as palavras de Jesus já citadas anteriormente: “Todo aquele que olhar para uma mulher com o desejo de possuí-la, já cometeu adultério contra ela em seu coração” (Mateus 5,28).

Ouçamos São João: “Tudo o que há no mundo – a concupiscência humana, a cobiça dos olhos e a ostentação da riqueza – não vem do Pai, mas do mundo” (1 João 2,16). Estas palavras foram sempre sintetizadas em três formas de cobiça – é isto o que significa a palavra concupiscência –, isto é, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida. Elas resumem tudo o que o ser humano pode desejar de forma desregrada.

Eis a palavra de Jesus: "É do coração que saem as más intenções: homicídios, adultérios, imoralidade sexual, roubos, falsos testemunhos e calúnias" (Mateus 15,19). E São Tiago explica: “Cada qual é tentado por sua própria concupiscência, que o arrasta e seduz. Em seguida, a concupiscência concebe o pecado e o dá à luz” (Tiago 1,14-15). Realmente, nossos atos brotam de nossa mente e de nosso coração.

Para purificar o coração a vigilância e a luta devem ser constantes. Desde que o pecado deixou em nós sua marca, isto é, a inclinação para o mal, é preciso estar sempre atentos e servir-nos de todos os meios para não permitir que surjam em nós maus desejos. Aqui tem grande importância a virtude da temperança, moderadora de todos os nossos comportamentos. Jesus proclamou: “Felizes os puros de coração, porque verão a Deus” (Mateus 5,8). Ser puro de coração significa procurar pertencer totalmente a Deus em pensamentos, palavras e obras. O coração, na Bíblia, é considerado o centro da pessoa: ter um coração puro é ser uma pessoa pura. É a pureza de coração que, como diz a sexta bem-aventurança, permite ver a Deus: ou seja, ver a Deus em tudo e ver tudo conforme Deus vê, portanto, sem maldade nenhuma.

O coração vai se purificando na medida em que lutarmos contra pensamentos e desejos desordenados no campo da castidade. Isso é feito:

· pela virtude e pelo dom da castidade, que nos permite amar com um coração reto e indiviso;

· pela pureza de intenção, pois na vida é preciso agir sempre tendo em vista o fim verdadeiro do homem, ou seja, fazer em tudo a vontade de Deus e opor-se a tudo o que o pode ofender;

· pela pureza do olhar, exterior e interior; pela disciplina dos sentimentos e da imaginação; pela recusa de toda complacência nos pensamentos impuros que tendem a desviar-nos do caminho dos mandamentos divinos;

· pela oração, dado que sem ela é impossível aderir á vontade de Deus e obter forças para cumprir os mandamentos;

· pelo pudor, que defende a intimidade, a privacidade das pessoas, não expõe o que deve ficar resguardado, torna a pessoa delicada e respeitosa com o próprio corpo e com o corpo dos outros. O pudor envolve sobretudo os olhares, a língua, os gestos, o modo de se comportar, de se apresentar... Sem o pudor, é impossível viver a castidade;

· pela purificação do clima social, pois os meios de comunicação social têm grande responsabilidade nesse campo; estão errados quando, por suas apresentações, incentivam o erotismo, espetáculos ofensivos à moral sexual, enfim, por tudo o que é falta de respeito e de modéstia;

· pelo combate à permissividade dos costumes, que freqüentemente se baseia na falsa noção de liberdade de pensar que se pode fazer de tudo, sem limite para nada; de fato, recorre-se imediatamente ao grito “censura!” quando se observa que certas coisas não podem ser veiculadas impunemente para a virtude. Precisamos deixar-nos guiar pela lei moral, e os responsáveis pela educação têm obrigação grave de educar a juventude nesse campo.

PS O texto acima tem como autor Dom Hilario Moser,sdb, Bispo Emérito de Tubarão, SC e é aqui transcrito com sua autorização.


O OITAVO MANDAMENTO E O RESPEITO PELA VERDADE


A verdade deve ser sempre respeitada. Isto, porém, não significa que ela deva ser dita a qualquer pessoa. Há critérios para isso. O direito à comunicação ou informação da verdade não é sem condições. O critério máximo é o Evangelho, em particular o amor fraterno. O bem dos outros, sua privacidade, o bem comum, o dever de evitar escândalo, muitas vezes nos obrigam a calar. Por isso, é preciso avaliar cada vez se convém ou não revelar a verdade a quem quer sabê-la; e ninguém é obrigado a revelá-la a quem não tem o direito de exigi-la.

casos especiais que exigem sempre rigor, especialmente dois:

- O sigilo do sacramento da Reconciliação: do qual o Código de Direito Canônico, cânone 983,1 diz: “O sigilo sacramental é inviolável; por isso, não é lícito ao confessor revelar o penitente, com palavras, ou de qualquer outro modo, por nenhuma causa”.

- Os segredos profissionais também entram na linha do sigilo absoluto, a não ser que ele prejudique gravemente a quem o confia, a quem o recebe ou a terceiros. De modo geral, exigem-se reservas quanto à privacidade das pessoas, mais ainda quando ocupam cargos de responsabilidade e a violação do sigilo pode comprometer outros.

Em particular, os meios de comunicação social têm obrigações com a verdade. Quem não conhece a importância dos meios de comunicação social? Entretanto, eles deveriam estar unicamente a serviço da verdade e do bem comum. Todos sabemos o quanto são manipulados e quanta influência eles têm sobre a mente e o coração humanos, particularmente dos jovens.
Tanto os formadores de opinião pública, quanto os detentores dos meios de comunicação social e os usuários dos mesmos, devem formar a própria consciência e servir-se de tais meios em função da verdade, da justiça, da caridade e do bem comum. O que vemos, infelizmente, não é bem isso; pelo contrário... É preciso, porém, lutar para que esse grande dom de Deus, sempre mais sofisticado e rápido, sirva para o bem de todos e para a glória de Deus.

No contexto do oitavo mandamento devemos também levar em conta a beleza e a arte: também elas têm compromissos com a verdade. A verdade é bela em si mesma. Além de se expressar pela palavra, ela pode também expressar-se por meio da arte. A arte evoca o que a verdade contém de indizível, as profundezas do coração humano, as elevações da alma, o mistério de Deus. De fato, antes de se revelar ao homem em palavras de verdade, Deus se revela pela linguagem da beleza das criaturas, “pois foi o Princípio e o Autor da beleza quem as criou... De fato, partindo da grandeza e beleza das criaturas, pode-se chegar a ver, por analogia, o Criador” (Sabedoria 13,3.5).
Em particular, observe-se: “A arte sacra é verdadeira e bela quando corresponde, por sua forma, à sua vocação própria: evocar e glorificar, na fé e na adoração, o Mistério transcendente de Deus, beleza excelsa invisível de verdade e amor, revelada em Cristo, "resplendor de sua glória, expressão de seu Ser" (Hebreus 1,3), em quem "habita corporalmente toda a plenitude da divindade" (Colossenses 2,9), beleza espiritual refletida na Santíssima Virgem Maria, Mãe de Deus, nos anjos e santos. A arte sacra verdadeira leva o homem à adoração, à oração e ao amor de Deus Criador e Salvador, Santo e Santificador” (Catecismo da Igreja Católica, n. 2502).

Para concluir, note-se que, enquanto a natureza (mineral, vegetal, animar) é sempre verdadeira porque coerente consigo mesma, só o ser humano falsifica a verdade. É lamentável: a criatura humana, feita à imagem e semelhança de Deus, Verdade Suprema, é capaz de falsificá-la, em prejuízo próprio, dos outros e de toda a criação. De mentirinha em mentirinha, sou eu que, aos poucos, vou falsificando todo o meu ser, vou me tornando mentiroso. Na realidade das horas que passam, o oitavo está entre os mandamentos mais violados. Sejamos verdadeiros para nos tornarmos sempre mais semelhantes a Deus.

PS O texto acima tem como autor Dom Hilario Moser,sdb, Bispo Emérito de Tubarão, SC e é aqui transcrito com sua autorização.




OITAVO MANDAMENTO: NÃO LEVANTAR FALSO TESTEMUNHO


O sentido do oitavo mandamento é este: Deus é a verdade, ele só pode querer a verdade. Nós que somos suas criaturas, seus filhos e filhas, seríamos infiéis a ele e o ofenderíamos se faltássemos com a verdade. Faltar à verdade por palavras ou atitudes significa rejeitar a retidão moral, a honestidade do ser humano, mais ainda do cristão. Amar a Deus sobre todas as coisas significa também amar mais a verdade do que nossos interesses que poderíamos defender com a mentira.

O Antigo Testamento está repleto de afirmações a respeito da verdade de Deus. Podemos resumi-las todas na palavra de São Paulo: “Seja Deus reconhecido veraz” (Romanos 3,4). O mesmo acontece no Novo Testamento a respeito de Jesus. Ele veio entre nós “em plenitude de graça e de verdade... A lei foi dada por meio de Moisés, a graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo” (João 1,14.17).

Jesus prometeu a seus ouvintes: “Se permanecerdes em minha palavra, sereis verdadeiramente meus discípulos, e conhecereis a verdade, e a verdade vos tornará livres” (João 31-32). E acrescentou: “Quando ele vier, o Espírito da verdade, vos conduzirá na verdade plena” (João 16,13). Finalmente pediu que os discípulos sejam verazes: “Seja o vosso sim, sim, e o vosso não, não” (Mateus 5,37).

O Concílio Vaticano II, na Declaração sobre a Dignidade Humana (n. 2), diz: “É postulado da própria dignidade que os homens todos, por serem pessoas... se sintam por natureza impelidos e moralmente obrigados a procurar a verdade, sobretudo a que concerne à religião. São obrigados também a aderir à verdade conhecida e a ordenar toda a vida segundo as exigências da verdade". Santo Tomás de Aquino acrescenta: “Os homens não poderiam viver juntos se não tivessem confiança recíproca, quer dizer, se não manifestassem a verdade uns aos outros” (Cf. Catecismo da Igreja Católica, n. 2469).

Em qualquer situação da vida, nós sempre devemos dar testemunho da verdade. Devemos procurar ser como Jesus, que disse: “Eu nasci e vim ao mundo para isto: para dar testemunho da verdade” (João 18,37). É exatamente este o conteúdo do oitavo mandamento: “Não darás falso testemunho contra teu próximo” (Êxodo 20,16). E Jesus insiste: “Ouvistes também que foi dito aos antigos: ‘Não jurarás falso’, mas ‘cumprirás os teus juramentos feitos ao Senhor’” (Mateus 5,33). Daí que nós devemos ser, em toda parte e lugar, testemunhas do Evangelho e de tudo quanto ele ensina.

O martírio é o máximo testemunho da verdade que se pode dar, pois ele envolve a morte da pessoa, a supressão da vida por amor à fé, por amor a Cristo. Santo Inácio de Antioquia, fervoroso mártir do século II, sendo conduzido a Roma para ser sacrificado, escreveu aos romanos prevenindo-os para que nada fizessem a fim de livrá-lo de morrer por Cristo: "Deixai-me ser comida das feras. É por elas que me será concedido chegar até Deus." O martírio pode ter motivações diversas, contanto que seja sempre por amor a Deus, a alguma virtude, como a fé, a justiça, a pureza, o amor ao próximo.

Dito isso, temos que estar atentos porque há muitas formas de faltar à verdade, principalmente por meio da mentira, indigna de quem é discípulo de Cristo. Quem foi batizado, como ensina São Paulo, deve revestir-se “do homem novo, criado à imagem de Deus, na verdadeira justiça e santidade. Portanto, tendo vós rompido com a mentira, que cada um diga a verdade a seu próximo” (Efésios 4,24-25). E São Pedro acrescenta: “Despojai-vos de toda maldade, de toda mentira, hipocrisia e inveja, e de toda calúnia” (1Pedro 2,1).

O cristão, portanto, deve ser verdadeiro em tudo o que faz e diz, do contrário não será discípulo daquele que declarou: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida” (João 14,6). Jesus foi severo com os mentirosos: “O vosso pai é o diabo, e quereis cumprir o desejo do vosso pai. Ele era assassino desde o começo e não se manteve na verdade, porque nele não há verdade. Quando ele fala mentira, fala o que é próprio dele, pois ele é mentiroso e pai da mentira” (João 8,44).

Uma pergunta: será grave mentir? A gravidade da mentira depende do tipo de verdade que ela deforma, das circunstâncias em que é pronunciada, das intenções de quem a profere, dos prejuízos que ela acarreta. É pecado mortal quando fere gravemente as virtudes da justiça e da caridade. Mentir está errado por natureza. Quem mente profana a palavra, dom de Deus, concedido a nós para falar a verdade, não para enganar o próximo. A mentira causa grandes prejuízos na sociedade, destrói a confiança entre as pessoas e afeta o relacionamento.

Diante do mal provocado pela mentira, a justiça manda que ela seja reparada. “Toda falta cometida contra a justiça e a verdade impõe o dever de reparação, mesmo que seu autor tenha sido perdoado [no sacramento da Penitência]. Quando se torna impossível reparar um erro publicamente, deve-se fazê-lo em segredo; se aquele que sofreu o prejuízo não pode ser diretamente indenizado, deve-se dar-lhe satisfação moralmente, em nome da caridade. Esse dever de reparação se refere também às faltas cometidas contra a reputação de outrem. Essa reparação, moral e às vezes material, será avaliada na proporção do dano causado e obriga em consciência” (Catecismo da Igreja Católica n. 2487).

Além da mentira, há outras formas de faltar à verdade, principalmente estas:

- Dar falso testemunho; pior ainda jurar que é verdade quando na realidade é mentira, coisa que se classifica de perjúrio; trata-se de faltas que prejudicam gravemente o próximo, às vezes com consequências terríveis, como condenar um inocente á prisão perpétua ou até à morte, como tem acontecido.

- Prejudicar a boa fama das pessoas, o que pode acontecer de diversas formas: por juízo temerário, isto é, pensar mal de alguém ou falar sem ter fundamento real para isso; por maledicência, que consiste em revelar a outros defeitos de terceiros sem haver motivos muito sérios para isso; por calúnia, ao inventar coisas a respeito de alguém, sabendo que é mentira. Tudo isto acaba destruindo a reputação e a honra do próximo.

- A bajulação, adulação ou complacência; essas atitudes ou confirmam os outros em seus vícios ou buscam vantagens indevidamente;

- A jactância ou fanfarronice, bem como a ironia são contra a verdade: todas elas acabam falsificando a realidade da pessoa que as pratica ou falsificando a realidade dos outros. – (Continua na próxima postagem).

PS O texto acima tem como autor Dom Hilario Moser,sdb, Bispo Emérito de Tubarão, SC e é aqui transcrito com sua autorização.




O SÉTIMO MANDAMENTO MANDA SER SOLIDÁRIOS



Faz parte do sétimo mandamento no setor da justiça social também a solidariedade. De fato, o Catecismo da Igreja Católica n. 2437-2438 observa: “No plano internacional, a desigualdade dos recursos e dos meios econômicos é tão grande que provoca entre as nações um verdadeiro fosso. De um lado, estão os que detêm e desenvolvem os meios de crescimento e, de outro, os que acumulam as dívidas. Diversas causas, de natureza religiosa, política, econômica e financeira, conferem hoje à questão social uma dimensão mundial”.

O Catecismo continua: “A solidariedade é necessária entre as nações cujas políticas já são interdependentes. É ainda mais indispensável quando se torna preciso deter ‘os mecanismos perversos’ que impedem o desenvolvimento dos países menos avançados. Urge substituir os sistemas financeiros abusivos e mesmo usurários, as relações comerciais iníquas entre as nações e a corrida armamentista por um esforço comum no sentido de mobilizar os recursos e objetivos de desenvolvimento moral, cultural e econômico, redefinindo as prioridades e as escalas de valores".

É possível definir algumas responsabilidades maiores. Aqui estão algumas:

as nações ricas têm responsabilidades especiais graves para com as que não têm condições de se desenvolverem: é um dever de solidariedade e caridade;

a ajuda direta é uma forma de atender às necessidades imediatas das nações que, por um motivo ou por outro, estão submersas em dificuldades especiais ou na miséria permanente;

há também a necessidade de reformar as instituições econômicas e financeiras internacionais para que ajudem de forma mais equitativa os países menos desenvolvidos;

na base de qualquer crescimento do desenvolvimento completo da sociedade humana está o senso de Deus e o reconhecimento do nosso lugar como criaturas; se não houver cuidado em cultivar esses valores, o egoísmo prevalecerá;

a tarefa de intervir diretamente na construção política e na organização da vida social não cabe aos pastores, mas é vocação própria dos fiéis leigos, o que pode ser feito de diversas maneiras.

Quanto aos pobres, a Igreja ensina: “Deus abençoa aqueles que ajudam os pobres e reprova aqueles que se afastam deles: ‘Dá ao que te pede e não voltes as costas ao que te pede emprestado’(Mateus 5,42). ‘De graça recebestes, de graça dai’ (Mateus 10,8). Jesus Cristo reconhecerá seus eleitos pelo que tiverem feito pelos pobres. Temos o sinal da presença de Cristo quando ‘os pobres são evangelizados’ (Mateus 11,53)”.

“O amor da Igreja pelos pobres... faz parte de sua tradição constante. Inspira-se no Evangelho das bem-aventuranças, na pobreza de Jesus e em sua atenção aos pobres. O amor aos pobres é também um dos motivos do dever de trabalhar, para se ter o que partilhar com quem tiver necessidade. Não se estende apenas à pobreza material, mas também às numerosas formas de pobreza cultural e religiosa. O amor aos pobres é incompatível com o amor imoderado das riquezas ou o uso egoísta delas” (Catecismo da Igreja Católica, n. 2443-2445).

Em relação aos pobres há dois grandes meios a se levar em consideração:

as obras de misericórdia: veja-as em Mateus 25,31-46; elas serão critério fundamental para nosso julgamento.

o amor preferencial pelos pobres: o Antigo Testamento já o recomendava o amor pelos mais fracos: “Uma vez que nunca deixará de haver pobres na terra, eu te dou este mandamento. Abre tua mão para teu irmão, teu necessitado, teu pobre em tua terra” (Deuteronômio 15,11); palavras que Jesus fez suas: “Os pobres, sempre os tendes convosco. A mim, no entanto, nem sempre tereis” (João 12,8).

PS O texto acima tem como autor Dom Hilario Moser,sdb, Bispo Emérito de Tubarão, SC e é aqui transcrito com sua autorização.


O SÉTIMO MANDAMENTO E O TRABALHO



A justiça social ilumina com particular intensidade o trabalho: dele deriva a grandeza para o ser humano, tornado parceiro de Deus na obra da criação. Posto no mundo para trabalhar, São Paulo diz que “quem não quer trabalhar também não coma” (2 Tessalonicenses 3,10).


O trabalho honra o ser humano e honra também o Criador. Ele pode ser redentor, quando suportado com paciência e unido a Jesus Redentor que trabalhou com suas mãos. Tenha-se sempre presente que o trabalho é para o homem, não o homem para o trabalho. O trabalho deve ser fonte de dignidade, não de humilhação e escravidão.


O trabalho tem ainda outras exigências. Acenaremos aqui a algumas, sem poder deter-nos em explicitá-las cabalmente:

Cada um tem o direito de iniciativa econômica para o próprio bem e para o bem comum; naturalmente deverá adaptar-se às normas que existem para regular o bem comum.

A vida econômica fatalmente acaba criando conflitos: é preciso bom senso e esforço para minimizá-los e solucioná-los conforme a justiça social.

O Estado tem responsabilidades especiais nesse setor: ele deve criar todas as condições favoráveis ao desenvolvimento das atividades econômicas e garantir aos que trabalham condições adequadas para cumprirem sua missão; em particular, é preciso que se respeitem os direitos humanos no setor econômico;

Especiais responsabilidades têm os donos de empresas: eles devem pensar antes no bem das pessoas mais do que nos lucros; naturalmente, também estes são necessários.



O trabalho tem ainda algumas outras exigências. Assinalamos as seguintes:

O acesso ao trabalho é preciso que esteja aberto a todos, sem discriminação.

Quem trabalha merece seu salário justo: recusá-lo ou retê-lo pode ser grave injustiça. “Olhai: o salário dos trabalhadores que ceifaram os vossos campos, e que vós deixastes de pagar, está gritando; o clamor dos trabalhadores chegou aos ouvidos do Senhor todo-poderoso” (Tiago 5,4). Um salário justo exige que com ele se possam atender às necessidades da pessoa, dependendo também de suas contribuições; o acordo entre partes não basta para justificar moralmente o montante de um salário.

O protesto da greve pode ser legítimo e até necessário, mas é moralmente inaceitável quando acompanhado de violência ou quando esconde objetivos que não se referem diretamente às condições do trabalho em questão.

É falta de justiça sonegar o pagamento das cotas estipuladas pelas autoridades legítimas em função da seguridade social.

Grande atentado à dignidade humana é a privação do trabalho (desemprego), pois coloca em situação difícil a pessoa desempregada, sua família e o equilíbrio da vida social.


Para encerrar, muito belas as palavras do Papa Leão XIII sobre Jesus que aprendeu a trabalhar na casa de José e Maria: “Antes que Ele tivesse as mãos banhadas de sangue pelos tormentos da crucificação, teve-as banhadas de suor pela sua dedicação ao trabalho”. O criador do mundo aprendeu de um ser humano – José – a usar as próprias mãos para aperfeiçoar a criação, tarefa confiada por Deus aos seres humanos. – (Continua na próxima postagem).

PS O texto acima tem como autor Dom Hilario Moser,sdb, Bispo Emérito de Tubarão, SC e é aqui transcrito com sua autorização.




O SÉTIMO MANDAMENTO E A JUSTIÇA



A justiça que o sétimo mandamento nos pede consiste em respeitarmos os outros e tudo o que lhes pertence, mesma em se tratando de coisa pequena. Afinal, Deus deseja que sejamos justos, e a injustiça não lhe pode agradar: ela é contra a verdade, a autenticidade, a honestidade.

Há muitos modos de faltar à justiça. Não é possível tratar de todos aqui. De forma geral, deve-se dizer que sempre que a consciência da pessoa reconhecer que faltou de respeito a uma pessoa, a seus direitos, às suas posses, deverá confessar que praticou a injustiça. Nesse sentido, não se trata só de observar o sétimo mandamento; a violação de qualquer um dos mandamentos leva, de um modo ou de outro, à prática da injustiça porque, como disse acima, fere a verdade, a autenticidade do ser humano.

Não há dúvida, porém, de que o sétimo mandamento, em particular, quer que sejamos justos evitando faltar de respeito aos bens dos outros. Por isso, em primeiro lugar, ele proíbe o roubo: consiste em apropriar-se dos bens de outras pessoas contra a vontade razoável delas. Roubo é também reter injustamente o bem de outras pessoas, mesmo que não haja leis civis que o proíbam. Igualmente é roubo reter de propósito bens emprestados, objetos perdidos, enganar no comércio, pagar salários injustos, elevar os preços especulando sobre a ignorância e a miséria dos outros... As modalidades do roubo são muito amplas, como se vê.

Não há roubo se se sabe que os donos não se opõem a que nos apropriemos de alguma coisa que lhes pertence. Não há roubo também quando há necessidade urgente e evidente de dispor de alguma coisa para satisfazer as necessidades imediatas e essenciais do ser humano, como comida, casa, roupa..., pois nesse caso prevalece a destinação universal dos bens.

Há outras formas de roubar. O Catecismo da Igreja Católica explicita algumas mais comuns (há mais): “São... moralmente ilícitos a especulação, pela qual se faz variar artificialmente a avaliação dos bens, visando levar vantagem em detrimento do outro; a corrupção, pela qual se “compra” o julgamento daqueles que devem tomar decisões de acordo com o direito; a apropriação e uso privados dos bens sociais de uma empresa; os trabalhos malfeitos; a fraude fiscal; a falsificação de cheques e de faturas; os gastos excessivos; o desperdício. Infligir voluntariamente um prejuízo aos proprietários privados ou públicos é contrário à lei moral e exige reparação” (n. 2409).

Também faz parte do sétimo mandamento cumprir honestamente as promessas e os contratos, pois grande parte da vida econômica e social depende disso: venda e compra, locação e trabalho, etc. Tudo deve ser feito em boa fé, do contrário a vida se torna impossível.

A justiça comutativa, ou seja, aquela que regula as trocas entre pessoas e instituições, também exige que se faça a reparação da injustiça cometida. Aqui vale a pena lembrar o episódio do encontro de Jesus com Zaqueu que, convertido, prometeu devolver o quádruplo aos que ele defraudara: veja Lucas 19,1-10. Também toda pessoa que cooperou com terceiros para defraudar alguém deve, de um modo ou de outro, reparar a injustiça.

Por acaso, os jogos de azar e as apostas são contra a justiça? Em si, não são. Sabe-se, porém, que essas coisas viciam. Por isso, é perigoso dedicar-se sistematicamente a elas. Tornam-se imorais, se por causa disso a pessoa não tem mais como atender suas necessidades fundamentais ou as dos outros. Trapacear no jogo, dependendo do dano infligido aos outros, pode ser até falta grave.

Um dos maiores pecados contra o sétimo mandamento consiste em toda e qualquer forma de escravização dos seres humanos: é ofensa grave à dignidade humana, a seus direitos fundamentais e, portanto ao Criador. Pode não parecer, mas é este um pecado contra a justiça que se comete muito mais do que se imagina.

Finalmente, existe também a justiça social. A Igreja, baseada na Palavra de Deus, tem critérios próprios a respeito da atividade econômica, social e política: é a chamada Doutrina Social da Igreja. Por ela, a Igreja dá orientações detalhadas de como as pessoas se devem comportar perante seus semelhantes, o trabalho, as atividades econômicas e sociais, enfim, perante tudo o que constitui atividade que nos ajuda a criar uma civilização permeada de solidariedade, a famosa “civilização do amor” de que falava o Servo de Deus Papa Paulo VI.

Trata-se de um tema muito amplo. Aqui me refiro especificamente às atividades econômicas, que se prestam com facilidade à prática da injustiça. “O desenvolvimento das atividades econômicas e o crescimento da produção estão destinados a servir às necessidades dos seres humanos. A vida econômica não visa somente multiplicar os bens produzidos e aumentar o lucro ou o poder; antes de tudo, ela está ordenada ao serviço das pessoas, do homem em sua totalidade e de toda a comunidade humana. Conduzida segundo seus métodos próprios, a atividade econômica deve ser exercida dentro dos limites da ordem moral, segundo a justiça social, a fim de corresponder ao plano de Deus acerca do homem” (Catecismo da Igreja Católica, n. 2426). – (Continua nas próximas postagens).

PS O texto acima tem como autor Dom Hilario Moser,sdb, Bispo Emérito de Tubarão, SC e é aqui transcrito com sua autorização.